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Política Governo demite do Incra o primo do presidente da Câmara dos Deputados; ministro age para conter desgaste

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Na semana passada, integrantes do MST invadiram a superintendência do Incra para exigir a exoneração de Cesar Lira. (Foto: Reprodução/Instagram)

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, tenta conter uma nova crise do governo com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), após a demissão de Wilson Cesar de Lira Santos do comando da superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas. Santos é primo de Lira, que demonstrou contrariedade com a exoneração.

O parlamentar afirmou a interlocutores que não gostou de saber da demissão pelo Diário Oficial. A nova rusga com o presidente da Câmara ocorre em meio ao atrito com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha — na semana passada, Lira chamou o responsável pela articulação política do governo de “incompetente” e “desafeto pessoal”.

Descontente com a decisão, Lira ligou para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para reclamar que o combinado era de que ocorria uma troca simultânea: o seu primo deixaria o cargo e já teria outro nome escolhido para o posto. Teixeira nega que havia essa combinação.

Para conter um novo desgaste, Teixeira foi até a residência da oficial da presidência da Câmara conversar com o parlamentar nessa terça-feira (16). O ministro pediu a Lira que indicasse nomes que tivessem perfil de diálogo com movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), para substituir seu primo. Uma das críticas é que Santos tinha uma conduta pouco afeita a conversar com o grupo. Os movimentos sociais também ligam Cesar Lira ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Teixeira disse ter avisado por telefone Lira ainda no domingo sobre a necessidade da troca no comando do Incra de Alagoas. Em seguida, também mandou uma carta de movimentos sociais que ameaçavam invadir a sede do órgão, como ocorreu em abril de 2023. Na época, 1,5 mil pessoas participaram da ocupação pedindo a exoneração de Santos. Na conversa de domingo (14), Lira teria sinalizado que o governo não poderia aceitar uma ameaça.

O argumento do ministro é que se os movimentos voltassem a ocupar o Incra, teria que demitir Cesar Lira com a sede da superintendência ocupada, o que geraria uma crise ainda maior. Teixeira tentou conversar com Lira na segunda-feira (15), mas o parlamentar estava em Alagoas. Pressionado pelos movimentos sociais e pela possibilidade de invasão ao Incra, Teixeira decidiu pela exoneração.

“O tempo político, hoje, é muito rápido, e não teria condição de fazer diferente. Se fizermos diferente, aí sim teríamos um enorme problema político e um impasse”, disse Teixeira em entrevista à CNN Brasil.

Após a ocupação da sede do Incra no ano passado, Cesar Lira foi aconselhado pelo governo a manter uma boa relação com os movimentos sociais. Porém, a leitura feita pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário é que o primo de Lira elevou ainda mais a temperatura da relação com essas entidades.

Além disso, também havia expectativa de que o primo do presidente da Câmara deixasse o cargo em abril para concorrer à prefeitura de Maragogi pelo PP — ele acabou perdendo a disputa interna da legenda para ser o candidato. Há possibilidade de Cesar Lira disputar o cargo de vereador pelo município.

“Pedimos a ele que pudesse se aproximar dos movimentos sociais. Mas não foi isso que aconteceu. Ele dobrou a aposta. Ele aumentou a dificuldade com os movimentos sociais, ao invés de aproximação. E aí, em novembro, dezembro, os movimentos sociais me procuraram novamente se ele seria tirado de lá ou não, em face dos conflitos que estavam acontecendo. E ele disse sairia candidato a prefeito de Maragogi. E então sairia em meados de abril, o que foi acordado. O que aconteceu? Ele não saiu candidato”, disse o ministro à CNN.

Em uma carta enviada a Paulo Teixeira em 11 de abril e assinada por sete entidades, entre as quais Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Frente Nacional de Luta (FNL) e o Movimento Social de Luta (MSL), as organizações pedem a saída do primo de Lira do cargo.

“O senhor, ministro Paulo Teixeira, por três vezes estabeleceu prazo para exoneração e não honrou com a palavra. Apesar do histórico de serviço à extrema direita, o superintendente continua ocupando um cargo extremamente importante, com a vossa anuência”, diz um texto da carta”.

Teixeira afirma que não tratou sobre a saída do primo de Lira com Padilha, e o Planalto tenta se afastar dessa exoneração. Na semana passada, Lira se referiu a Padilha como “incompetente” e “desafeto pessoal”, após o resultado do plenário sobre a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão. Por 277 a 129 votos, a Câmara manteve a detenção do parlamentar, investigado como mandante da morte da vereadora Marielle Franco.

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