Quarta-feira, 26 de março de 2025
Por Redação O Sul | 12 de março de 2025
Um agente da Guarda Municipal de Porto Alegre vai a júri popular nesta quinta-feira (13), acusado de assassinar a tiros um vizinho durante discussão no condomínio onde ambos moravam no bairro Aberta dos Morros, Zona Sul de Porto Alegre. O crime foi cometido em 2016 e teve como vítima o corretor de imóveis e estudante de Direito Bruno Saraiva Salgado, 30 anos.
De acordo com denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), havia um histórico de desavenças entre Bruno e a esposa do policial. No no dia 8 de dezembro daquele ano, o corretor passeava pelo condomínio com seu cão da raça labrador quando passou em frente à residência do casal.
Ele foi então interpelado pela mulher, que o acusou de “encarar” o filho dela. Houve bate-boca e o guarda municipal – que estava de folga – tomou partido da esposa. O incidente descambou para agressão física entre os dois homens, até que o agente buscou em casa uma arma-de-fogo e baleou o vizinho e seu cachorro. Bruno morreu no local com dois tiros no peito, deixando uma filha de 7 anos (hoje com 15).
A acusação é de homicídio qualificado pelos agravantes de motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Também pesa o crime de maus-tratos contra o cão, que sobreviveu e, desde a época, vive com familiares da vítima na cidade de São Borja, na Fronteira-Oeste gaúcha).
O tempo de quase uma década de espera pelo desfecho penal do caso tem como motivo a tramitação arrastada por uma série de recursos da defesa do réu. A enchente de maio do ano passado no Rio Grande do Sul também exigiu o adiamento do júri, em um contexto de paralisação de diversas atividades devido à maior catástrofe já ocorrida no Rio Grande do Sul.
Ao longo desse período, dois colegas do Guarda Municipal na corporação foram alvo de investigação por alterarem deliberadamente a cena do homicídio logo após chegarem ao local, ato conhecido como “fraude processual”. A dupla acabou se livrando do processo devido à prescrição do suposto crime.
Encarregado da acusação no Plenário da 2ª Vara do Júri do Foro Central (bairro Praia de Belas), o promotor de Justiça André de Azevedo Coelho comenta o caso:
“O réu vai a júri por matar um vizinho em razão de uma desavença que gerou uma reação desmedida por parte do acusado, que atirou duas vezes na vítima e desferiu vários outros no cão. Por isso, o MPRS espera que a sociedade porto-alegrense faça justiça, dando uma resposta adequada a esse fato gravíssimo e que, de alguma forma, trazendo algum amparo à família, alijada de seu ente querido”.
(Marcello Campos)