Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2019
 
				Integrantes do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) foram alvo, nos últimos dias, de forte pressão para não tomar nenhuma decisão, na terça-feira (13), quando retomam os trabalhos, sobre casos que questionam a conduta de Deltan Dallagnol.
O corregedor do órgão, Orlando Rochadel, tirou de pauta a ação que poderia gerar debate sobre eventual sanção. Em outra ponta, a procuradora-geral, Raquel Dodge, marcou sessão das 9h às 13h, tempo considerado insuficiente para encerrar as discussões.
Os integrantes do colegiado que estão dispostos a reabrir pedidos de investigação contra Dallagnol já arquivados por Rochadel vão apresentar recurso na terça-feira, mas não vislumbram desfecho para o debate na sessão.
O corregedor tem sido criticado pelos integrantes do CNMP que defendem uma atitude mais incisiva do órgão diante das suspeitas de que o chefe da Lava-Jato exorbitou de suas funções. Essa ala vê nos novos movimentos de Rochadel e de Dodge uma tentativa corporativista de preservar Dallagnol.
Além da reação institucional, nos últimos cinco dias os conselheiros receberam mais de 700 emails com pedidos para que o CNMP não puna Dallagnol. As mensagens são assinadas por grupos que pregam o combate à corrupção e entusiastas da Lava-Jato.
O CNMP está pressionado por todos os lados. Enquanto o MPF (Ministério Público Federal) tenta se blindar, Supremo e Legislativo cobram uma atitude incisiva diante das revelações trazidas pelo The Intercept. Neste momento, o afastamento cautelar está descartado. Impera o entendimento de que as mensagens obtidas pelo site são provas ilícitas. A fresta para avançar sobre Dallagnol está em queixa movida por Renan Calheiros (MDB-AL).
Neste sábado (10), o procurador Deltan Dallagnol deu a sua versão dos fatos sobre vários assuntos, desde os supostos diálogos vazados, a sua relação com o ex-juiz Sérgio Moro e a possibilidade de ser afastados do cargo.
“Supostas conversas vazadas”
Apesar de ressaltar que as supostas conversas vazadas têm origem criminosa e estão sendo usadas de modo descontextualizado, Deltan afirma que elas servem como “reação contra as investigações que atingiram pessoas poderosas e interesses poderosos”. A corrupção reagiu segundo o procurador. “Tivemos a expectativa de que a Justiça poderia se impor e poderia dobrar o sistema de corrupção. Esse sistema foi dobrado, mas não foi quebrado”, avaliou.
Segundo o procurador, várias supostas mensagens “contrastam com a realidade comprovada”. “Por exemplo, houve uma suposta mensagem que falaria de uma busca e apreensão que jamais aconteceu. A busca e apreensão do Jaques Wagner, que jamais aconteceu. Existiriam supostas mensagens que falariam – ou que foram descontextualizadas e deturpadas – sobre o afastamento de uma procuradora, da Laura [Tessler], de um caso. Procuradora extremamente competente e diligente, que havia atuado em uma audiência do caso Palocci”, explicou.
Além de não reconhecer os diálogos, Deltan trata as conversas como fofocas: “A grande questão é: tudo que a gente faz é registrado publicamente em atos, em manifestações, petições, que têm por base os fatos, as provas e a lei. O que está errado? Qual o ato errado? Não surgiu um ato que foi apontado até agora como ilegal, como ilícito ou ilegítimo. O que vemos é muita fofoca, muita criação de polêmica em cima de descontextualizações, deturpações feitas a partir de mensagens de origem criminosa”, disse.