Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2025
A Justiça francesa ordenou nessa segunda-feira (10) a libertação do ex-presidente Nicolas Sarkozy, após ele ter passado 20 dias na prisão por ter sido condenado por associação criminosa, embora tenha imposto medidas de supervisão judicial. O Tribunal de Apelações de Paris também o proibiu de sair da França e de entrar em contato com o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, cuja visita à prisão de La Santé, em Paris, gerou controvérsia.
Ele deixou a prisão nessa segunda-feira e aguardará em liberdade o julgamento do recurso. O político conservador, de 70 anos, deixou a penitenciária parisiense de La Santé pouco antes das 15h locais (11h em Brasília), a bordo de um veículo com vidros escuros e escoltado pela polícia, confirmou uma fonte próxima ao caso.
Sarkozy tornou-se, em 21 de outubro, o primeiro chefe de Estado francês a ser preso desde o fim da Segunda Guerra Mundial e o primeiro de um país já integrante da União Europeia.
No entanto, no mesmo dia solicitou sua liberdade condicional, como permitido por lei para pessoas com mais de 70 anos, o que foi concedido pelo tribunal de apelação de Paris nesta segunda-feira, embora com medidas de controle judicial e proibição de sair do país.
Durante a análise de seu pedido de libertação horas antes, o ex-mandatário participou da audiência por videoconferência, na qual agradeceu aos funcionários do sistema penitenciário que tornaram “suportável (…) este pesadelo”.
“É muito difícil, muito difícil. Certamente é para todos os detidos. Eu diria até que é exaustivo”, afirmou Sarkozy ao tribunal, no qual também estavam presentes sua esposa, a cantora Carla Bruni, e dois de seus filhos, segundo um jornalista da AFP.
O ex-presidente estava em regime de isolamento na prisão parisiense, com dois policiais instalados na cela vizinha para sua proteção.
O advogado Christophe Ingrain afirmou que a permanência de Sarkozy na prisão constituía uma “ameaça” para seu cliente. A Procuradoria também se mostrou favorável à libertação, mas com medidas de controle judicial.
Condenação polêmica
Sarkozy foi condenado por permitir que pessoas de seu círculo se aproximassem da Líbia de Muammar Gaddafi, falecido em 2011, para obter recursos e financiar ilegalmente sua vitoriosa campanha presidencial de 2007.
Embora o processo não tenha permitido demonstrar que o dinheiro foi utilizado “en última instância”, o tribunal destacou que os recursos saíram da Líbia e condenou Sarkozy por associação ilícita e pela “gravidade excepcional dos fatos”.
A condenação foi acompanhada de uma grande polêmica, já que o tribunal ordenou sua prisão sem aguardar pelo resultado do recurso. “Esta manhã prendem um inocente”, disse ele antes de entrar na penitenciária, denunciando um “escândalo judicial” e uma “via-sacra”.
Agora, o ex-presidente poderá aguardar em liberdade o julgamento da apelação, que deverá começar em março, mas não poderá entrar em contato com o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, segundo a decisão do tribunal de apelação.
A visita de Darmanin a Sarkozy na prisão, em 29 de outubro, causou mal-estar entre os juízes. O principal procurador da França, Rémy Heitz, acusou-o de “atentar contra a independência dos magistrados”.
A condenação não foi a primeira contra Sarkozy, que soma outras duas por corrupção, tráfico de influência e financiamento ilegal de campanha em 2012, e é alvo de outros processos em curso. As informações são da agência de notícias AFP.