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Colunistas Lembranças que ficaram… (3)

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Alberto Pasqualini morreu em 1960. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

QUANDO PASQUALINI MORREU…

Era dia 3 de junho de 1960, uma sexta-feira, e se aproximando o fim da tarde, o Chefe do Gabinete, Dr. Antônio Pires, me chamou e disse: “O Senador Alberto Pasqualini morreu”. “O Governador fretou um avião para ir ao velório/enterro no Rio”. “Tem lugar. Você quer ir?”. “Claro que sim”, respondi. “Então corre para o aeroporto, que está marcado para o avião sair as 19h.” Nossa Senhora!!! Passava das 5 e meia. Eu vestia terno e gravata, como sempre, contei o que tinha de dinheiro e fui para o aeroporto. Eu tinha 20 anos e não conhecia o Rio.

Chegamos no Rio por volta da 23:30h. Nem um “pinto no lixo” estava tão feliz.
Chegados, embarcamos num ônibus que nos levou a Capela Mortuária – fiz minha saudação à viúva e aos familiares e lá ficamos a noite toda, saindo só para fumar e/ou tomar um café. O sepultamento seria por volta das 10h, no Cemitério São João. Foi quando soube ser este Cemitério o destino de nomes ilustres, famosos e de políticos. Muita gente.

O Cemitério era apertado, super lotado, poucos e estreitos corredores, não tinha onde parar, e o povo, inclusive eu, acabei me equilibrando em cima de um túmulo com a tumba arredondada e agarrado na cruz pra não cair.

Antes do caixão baixar na sepultura, o Governador Leonel Brizola fez um inflamado discurso ressaltando as qualidades de Pasqualini e de seu profundo conhecimento da doutrina trabalhista e reclamou o direito de trasladar os restos mortais para o RS. Brizola acabou de falar e o Deputado Fernando Ferrari, então de briga com Brizola e liderando o movimento político “das mãos limpas”, criou o chamado Movimento Trabalhista Renovador – MTR, começou a discursar e disse com todas as letras que não reclamava os restos mortais de Pasqualini, mas sim suas ideias e a pureza de sua mensagem social-trabalhista.

Enquanto ele falava, pensei: “sou estudante, Pasqualini é Professor de Direito, lecionou em Porto Alegre, acabei de ler seu Livro ‘Bases e Sugestões para uma Política Social’, ele é natural de Ivorá – da 4ª Colônia – onde nossos avós foram instalados ao chegar da Itália”. Vou falar… e não deu outra. Quando Ferrari parou, eu, de cima daquele túmulo, agarrado naquela cruz, me equilibrando, gritei: “Alberto Pasqualini” e, em nome dos estudantes gaúchos, discursei elogiando o Professor, o político e sua carreira que começara como seminarista em São Leopoldo, onde ele foi aluno do Padre Reus. Quando parei de falar, me vi cercado por jornalistas querendo saber meu nome, quem eu era, etc. Meio que me assustei, mas respondi tudo.

Terminadas as exéquias fúnebres, sozinho, tratei de pensar em ir para o
aeroporto pegar o avião fretado para voltar. Nesse momento, sou abordado pelo Sr. Joaquim Moraes (o Quincas), forte empresário que eu conhecia por ser amigo de meu pai e que, no momento, morava no Rio, e de forma alguma me deixou voltar. “Não, Luiz Carlos, você vai ficar uns dias aqui e conhecer o Rio”. “Mas Quincas, só estou com a roupa do corpo e sem dinheiro”. “Isso é o de menos”.

Fomos até o Santos Dumont avisar que eu não voltaria e, no balcão da VARIG, disse de minha relação com a Companhia. Sem hesitar, me deram uma G.U. – passagem cortesia – e fui para o apartamento do Quincas na Av. Nossa Senhora de Copacabana. No dia seguinte, meu nome estava no Diário de Notícias, no Jornal do Brasil e no Globo.

Tenho os recortes guardados até hoje. Meu Deus… que belos dias, que belas noites.

Ele designou um sobrinho dele, jovem de uns 25 anos, solteiro, velho ‘cancheiro’, que me levou em tudo quanto foi canto (Pão de açúcar, Corcovado, etc), inclusive, uma noite num Teatro de Revista onde vi Renata Fronzi num musical lindo cantando: “Copacabana, princesinha do mar…”. Na noite seguinte, fui conhecer e dançar na então famosíssima boate “Arpége”, do conhecido pianista Waldyr Calmon, que conheci pessoalmente.

No dia seguinte era domingo e o Quincas me levou até a casa do conhecido político gaúcho Nestor Jost, onde tomamos um whisky e de lá, fomos ao Copacabana Palace onde, na beira da piscina, encontramos o Deputado Hélio Carlomagno. Sabe, rapaz… de vez em quando eu me beliscava para ter certeza que tudo isso estava mesmo acontecendo comigo.

Pra encerrar essa inesperada temporada de “príncipe”, me dei ao luxo de
marcar a passagem de retorno no moderníssimo Super Constelation
Intercontinental da VARIG que, vindo de Nova York, faria escala no Galeão, onde eu embarcaria na 1ª classe, com jantar, antes de chegar à Porto Alegre.

Dá pra esquecer uma história dessas?…O nome Alberto Pasqualini virou nome de ruas, avenidas e praças por todo Rio Grande, mas creio que o mais impactante é o da Refinaria Alberto Pasqualini, a REFAP –
Petrobras, Canoas.

Na semana que vem na “LEMBRANÇAS QUE FICARAM (4)” vou contar a história do incrível “mico” que paguei na frente do Paulo Maluf, então Candidato à Governador de SP. Que mancada.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/lembrancas-que-ficaram-3/ Lembranças que ficaram… (3) 2024-01-04
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