Sexta-feira, 22 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2025
Nos últimos anos, a rejeição a Malafaia no segmento cresceu conforme o pastor se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foto: ReproduçãoAlvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) nesta semana, o pastor Silas Malafaia vinha disparando mensagens de WhatsApp nos últimos dias com vídeos de políticos em seu apoio, além de um abaixo-assinado de 26 lideranças evangélicas que repudiam a medida tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora tenha tentado mobilizar uma onda de solidariedade ao seu redor, ausências na lista falam muito sobre a falta de coesão no segmento e a rejeição ao seu nome.
Ficaram em silêncio o bispo Edir Macedo, da igreja Universal do Reino de Deus; o missionário R.R. Soares, da igreja Internacional da Graça de Deus; e o apóstolo Valdemiro Santiago, da igreja Mundial do Poder de Deus. Desde os anos 80, o G-4 dos televangelistas neopentecostais costuma brigar por política ou por negócios —são décadas de divergências públicas sobre quais candidatos apoiar, além de concorrências milionárias entre si por espaços nas emissoras de rádio e TV.
“Que Macedo, R.R. Soares e Valdemiro não me apoiariam, eu já sabia. Quando é que eles se posicionaram por uma causa evangélica nos últimos tempos?”, reclama Malafaia, enaltecendo outros apoios da velha guarda como o apóstolo Estevam Hernandes, da Renascer, o bispo Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra,e os irmãos Abner e Samuel Ferreira, do Ministério Madureira da Assembleia de Deus.
Durante a semana, o ministro André Mendonça, do STF, tentou convencer Gilmar Mendes que envolver Malafaia em um inquérito poderia fazer o clima esquentar no país. “A ação pode colocar a massa de evangélicos numa posição contrária à Corte”, disse Mendonça ao colega, como se os fiéis brasileiros integrassem um bloco monolítico de pensamento.
Além da falta de mobilização de Macedo, R.R. Soares e Valdemiro, outro fator torna improvável a tese de André Mendonça. Malafaia também foi ignorado nos últimos dias pelos jovens influenciadores evangélicos, que cada vez mais conquistam os fiéis brasileiros. É o caso de Deive Leonardo, de 35 anos e 16,7 milhões de seguidores no Instagram, e Tiago Brunet, de 44 anos e 7,4 milhões de seguidores.
Nos últimos anos, a rejeição a Malafaia no segmento cresceu conforme o pastor se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os dois já se bicaram inúmeras vezes em público, mas a conexão se consolidou depois de cumprida a promessa da nomeação “terrivelmente evangélica” de André Mendonça para o Supremo. Naquela época, os interesses da igreja Universal de Macedo não foram atendidos. Marcos Pereira, presidente do Republicanos, também queria a vaga, mas foi rejeitado pelo ex-presidente.
Além de mostrar alguém confortável em chamar Eduardo Bolsonaro de “babaca” para o próprio pai, os diálogos pelo WhatsApp evidenciam que a opinião do pastor está sendo muito levada em conta na crise do tarifaço. Eis um exemplo de conversa entre os dois:
“Terminei uma carta agora. Estou digitando e te envio. Aguardo suas observações”, escreveu Bolsonaro sobre um texto de sua autoria falando das medidas tomadas pelo governo Donald Trump. “Ficou top! Só uma questão para pensar: você não acha melhor gravar um vídeo falando do que esta carta do seu jeito? O brasileiro vê muito mais vídeo do que lê carta. Questão cultural”, orientou Malafaia para um ex-presidente que só não foi em frente com a ideia porque estava com uma crise de soluços.
“Terminei uma carta agora. Estou digitando e te envio. Aguardo suas observações”, escreveu Bolsonaro sobre um texto de sua autoria falando das medidas tomadas pelo governo Donald Trump. “Ficou top! Só uma questão para pensar: você não acha melhor gravar um vídeo falando do que esta carta do seu jeito? O brasileiro vê muito mais vídeo do que lê carta. Questão cultural”, orientou Malafaia para um ex-presidente que só não foi em frente com a ideia porque estava com uma crise de soluços.
Assim como no meio evangélico, a onda de solidariedade na política também tem sido restrita. Enquanto bolsonaristas mais radicais como Nikolas Ferreira (PL-MG) defendem Malafaia, o Centrão ignora o pastor. Até porque o odeia. Nos últimos meses, os vídeos de Malafaia têm focado em atacar senadores como Davi Alcolumbre e Ciro Nogueira por não encaminharem o impeachment de Alexandre de Moraes.