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Colunistas Longevidade

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Niemeyer faleceu aos 104 anos; Pitanguy, aos 93; Havelange aos 100. Não vou estabelecer nenhuma relação entre eles que não seja a longevidade.

Creio que, no Japão, a duração média de vida já atinge os 85 anos, gerando uma mudança de hábitos e costumes na civilizada sociedade oriental. Claro que eu sei que se formos investigar a longevidade na Síria ou na África subsaariana chegamos a números completamente antagônicos. Isso, no entanto, só confirma o que já há alguns anos asseverava o italiano (economista) Pareto: “Desigualdade econômico-social, numa visão universal, entre as pessoas, é enorme; no entanto, a que existe entre países, e mesmo entre continentes, é maior”.

Fiquemos, para ser menos doído, com o mundo ocidental. É uma expectativa do homem (e da mulher, para não nos acusarem de discriminação) e, mais que isso, uma luta diária – ainda que muitos não a proclamem – para sobreviver. Luta em que só se tem a triste certeza de que um dia a perderemos.

Simone de Beauvoir, numa obra, cria uma personagem, nascida no ano 1000 (mil), e que depois de muitas andanças através dos tempos (séculos, inclusive) e de ser pobre e de ser rico; de afastar-se, solitário, para as selvas e reincorporar-se, urbano, na vida societária, testemunhando e querendo entender (geralmente se sentindo surpreso), com as mudanças, as vê cada vez mais céleres.

Num determinado momento ele – o aparentemente eterno – que fora um privilegiado pelo direito de passar pelos tempos, sem que eles o atemorisassem, sente que está cansado de viver e que a morte seria um direito. Busca-se ponto de equilíbrio ante o interminável de uma vida em que a combinação era não ter epílogo. Não vou contar o final para não perder a graça da criação maravilhosa da hoje, também ela morta, Madame Beauvoir.

Saramago aproveitou o tema e criou uma história, bem mais curta no tempo, mas coletiva. Conta-nos que, numa aldeia, certamente portuguesa ou espanhola (não lembro bem), se estabelece ou se conquista, por ato de fé, o direito de não morrer, válido para todos, o que é motivo de grande alegria dos promovidos à eternidade.

Em pouco tempo, porém, começam a surgir problemas. O primeiro, com a funerária, condenada a falência. Logo em seguida, com as farmácias, totalmente dispensáveis.

Como os nascimentos continuavam em ritmo normal, passou-se a lidar com um problema de superpopulação e suas consequências. Foi necessário criar um exército, ou coisa parecida, para vigiar as fronteiras e impedir que migrantes, às toneladas, quisessem, com as vantagens da expectativa da vida eterna, fossem acampando no território privilegiado (?), abarrotado de gente.

O final também não conto, mas asseguro-lhes que tem o gênio criativo do grande romancista português.

Esse não é o nosso problema, acreditando na simplificação (?) de Ruy Barbosa quando diz: “A morte não extingue, transforma; não aniquila, renova”.

De momento, o que se sabe é que a longevidade – bem maior entre as mulheres – vai criando a “república das viúvas” e, por outro (já que os aposentados duram mais tempo) alimentando a discussão – essa, sim, com jeito de ser eterna, sobre a Reforma da Previdência.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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