Domingo, 20 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2022
O lucro das empresas brasileiras na Bolsa despencou 44,5% no 2º trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado. A queda foi provocada pela valorização do dólar após o início da guerra da Ucrânia, dinâmica que fez disparar as despesas financeiras das companhias. Os números são de levantamento do TradeMap, o primeiro elaborado por Einar Rivero após sua contratação,.
O estudo considerou 321 empresas com ações na B3 e demonstrações financeiras disponíveis no segundo trimestre dos dois anos comparados. Não entraram no levantamento os resultados de Petrobras, Vale, Braskem e Suzano, uma vez que os lucros reportados por elas no período foram historicamente elevados e trariam distorções para a análise, explica Einar. Foram usados valores no padrão contábil, sem ajustes extraordinários ou correção pela inflação.
O lucro líquido somado das companhias consideradas no estudo foi de R$ 36,9 bilhões, contra R$ 66,4 bilhões no 2º trimestre de 2021. O tombo destoa do desempenho das receitas operacionais líquidas, que subiram 24,2%, e até do lucro bruto, que avançou 10,1%.
“Olhando para os números de receitas e mesmo do lucro bruto, o cenário até que foi bom. O que houve foi que o lucro foi destruído pelo resultado financeiro. A receita financeira registrou até um certo ganho, mas a despesa financeira registrou um salto. A razão foi a alta do dólar no período. Se a empresa não estava com hedge cambial, sua despesa pulou e isso destruiu seu lucro líquido”, analisa Einar.
De um ano para o outro, a despesa financeira cresceu de R$ 30,4 bilhões para R$ 76,6 bilhões. No segundo trimestre deste ano, diretamente influenciado pela guerra na Ucrânia, o dólar Ptax avançou 10,5%; em 2021, o câmbio foi na direção contrária: desvalorização de 12,2% da moeda americana.
“A alta de juros também pode ter afetado os balanços, mas não tão pesadamente quanto o dólar”, acrescenta Einar. “No trimestre em que estamos, o dólar está recuando, o que pode trazer uma redução na despesa financeira no próximo balanço.”
Como resultado, o retorno sobre o patrimônio (em 12 meses) das companhias recuou de 17,5% para 16%.
Alguns setores conseguiram escapar à sangria dos lucros no trimestre. O setor de alimentos processados, com gigantes como JBS, viu o resultado líquido avançar 33,7%, possivelmente pelo incentivo à exportação que o câmbio mais desvalorizado proporcionou.
“Mas o que impressiona é o desempenho dos bancos, embora eles ainda enfrentem dificuldade para recuperar valor na Bolsa”, observa Einar.
Os cinco maiores bancos na Bolsa (BB, Santander, Bradesco, Itaú e BTG) lucraram, somados, R$ 28,1 bilhões. Ou seja, três quartos de tudo o que se lucrou no país no trimestre ficaram com os bancões.