Notícias Lula e ex-diretor da Odebrecht que está preso fizeram seis viagens juntos ao exterior
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2015
Em matéria publicada neste fim de semana, a revista Época afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou seis viagens internacionais ao lado do lobista Alexandrino Alencar, ligado à construtora Odebrecht e recentemente preso em meio à Operação Lava-Jato da PF (Polícia Federal), que investiga a corrupção na Petrobras. Segundo a publicação, além das já conhecidas viagens de ambos a Cuba e Guiné Equatorial (África), o petista também teve a companhia do executivo em visitas ao Peru, Colômbia, Equador, Panamá, Portugal, Angola e Gana.
O levantamento tem por base um relatório da PF, indicando embarques e desembarques de Lula e Alexandrino no período entre 2011 e 2015, no Brasil e no Exterior. As planilhas não identificam todos os destinos e origens, mas apontam algumas datas e horários, bem como aeronaves utilizadas e seus respectivos donos. Essa lista inclui empreiteiras, bancos e importadores que recorreram a veículos próprios ou serviços de táxi aéreo. Ao todo, são quase 80 trechos internacionais já mapeados.
Na viagem ao Panamá, por exemplo, Lula passou pelo sistema de migração da PF por volta das 7h do dia 21 de maio de 2011, seguido pelo lobista, que ingressou no mesmo jato executivo, quatro minutos depois.
A matéria ainda relata que o ex-presidente também teve despesas internacionais pagas pela Odebrecht, Queiroz Galvão, Coteminas, Vale e Camargo Correa, dentre outros grupos. Ou, então, pelos empresários Jonas Barcellos (Brasif), Sérgio Habib (JAC Motors), José Seripieri Junior (Qualicorp), Marcelo Henrique Limirio Gonçalves (Neo Química) e Walfrido dos Mares Guia (acionista da Biomm Technology e da Kroton Educacional), ministro do Turismo e Relações Institucionais no governo Lula (2003–2010).
Intimidade
Segundo a publicação, as viagens não foram ocasionais. “Eles são amigos e costumavam se cumprimentar com beijos no rosto”, complementa a reportagem. “Na sala de Alexandrino na sede da empreiteira em São Paulo, uma foto do executivo com Lula dividia espaço com retratos de familiares.” Ainda segundo a revista, Alexandrino tratava o petista por “presidente” e “chefe”, algo que não dedicava nem mesmo ao próprio presidente da construtora, Marcelo Odebrecht.
“Tamanha era a intimidade, que o lobista acompanhava Lula em reuniões e eventos restritos a autoridades de Estado, mesmo quando o ‘tour’ não era bancado exclusivamente pela Odebrecht”, prossegue a Época.
Em uma excursão pela América do Sul, Lula teria viajado com uma comitiva de executivos não só da OAS, como também da Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez, todas acusadas de participação no cartel do chamado “petrolão”. O petista embarcou no dia 3 de junho de 2013, de São Paulo para a capital colombiana Bogotá, horas depois de Alexandrino seguir rumo ao mesmo destino, onde participaram de encontros com empresários e se reuniram com o presidente Juan Manuel Santos.
A próxima etapa de Lula na viagem ao lado do lobista da Odebrecht foi Lima (Peru). Recebidos pelo chefe de Estado, Ollanta Humala, eles posaram próximos e sorridentes para as fotos oficiais. O périplo da dupla terminou no dia 8 de junho de 2013, data em que ambos regressaram ao Brasil, dessa vez em voos diferentes.
Nos encontros com autoridades estrangeiras, Lula defendia o interesse das empresas brasileiras em fazer negócios com os países visitados. “Por isso, a gente fazia questão de bancar as viagens dele”, declarou o executivo de uma empreiteira, antes de ser preso durante a mais recente etapa da Lava-Jato.
Instituto Lula
Em nota à revista, o Instituto Lula justificou que o ex-presidente já realizou palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais variados setores e que é praxe, nesses casos, as entidades promotoras se responsabilizarem por custos de deslocamento e hospedagem. Também negou que a maioria das viagens do ex-presidente tenham sido patrocinadas pela Odebrecht.
A direção da construtora, por sua vez, confirma ter pago despesas de Lula e Alexandrino. Defende, porém, que o executivo só participou de reuniões relacionadas a palestras do ex-presidente. (Marcello Campos com agências)
