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Mundo Martin Luther King se sentia deprimido e isolado antes de morrer

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História do ativista Martin Luther King está em um novo documentário. (Foto: Reprodução)

Todo mundo conhece a frase “eu tenho um sonho”, imortalizada no histórico discurso feito por Martin Luther King em 1963, em Washington. Menos famosa é uma declaração dada pelo próprio ativista, quatro anos depois, na qual admitiu que o sonho havia virado pesadelo. É que às vésperas de seu assassinato, há 50 anos, em 4 de abril de 1968, King se transformou num homem bem diferente da versão canonizada nos livros de História: estava deprimido, isolado e questionando seus próprios atos.

Essa revelação está no aclamado documentário “King no deserto”, que acaba de entrar na programação da HBO e no catálogo da HBO Go. Dirigido por Peter W. Kunhardt, duplamente premiado com o Emmy pelos trabalhos em “Jim: the James Foley story” (2016) e “Teddy: in his own words” (2009), o filme se propõe a mostrar um lado pouco conhecido de um dos maiores líderes do movimento dos direitos civis negros nos EUA.

“O que aprendemos na escola, que ele foi esse herói, praticamente um super-homem disposto a lutar apesar das adversidades, entra em conflito com os três anos que antecederam a sua morte, quando King estava triste, sendo perseguido pelo FBI e em conflito com outras lideranças negras. Mesmo assim, ele se manteve fiel ao princípio de não violência de um jeito que poucas pessoas conseguiriam”, avalia Kunhardt, em entrevista por telefone.

O retrato dos derradeiros momentos de Luther King é pintado a partir de depoimentos de amigos próximos, para quem ele estava com o “coração amargo”, “decepcionado com a possibilidade de ter feito pouco” e “fisicamente exausto”. “Não estava pronto para que o coração humano mostrasse tanto desafeto”, lembra o cantor e ator Harry Belafonte, um dos 19 entrevistados. King apresentava até mesmo um tique nervoso, provavelmente em decorrência da ansiedade e do medo de morrer, ainda ele não admitisse isso publicamente.

Mas o que o levou a esse estado? Entre muitos fatores, sua política de não violência passou a ser questionada pelo próprio movimento negro, do qual brotaram líderes que defendiam uma abordagem mais combativa. King via com particular incômodo o surgimento, em resposta aos supremacistas brancos, do chamado “black power”, que considerava incompatível com seu desejo de unir americanos de todas as cores num mesmo patamar. O estopim foi o seu discurso crítico à Guerra do Vietnã, em 4 de abril de 1967 — ele comprou briga com governo, com o FBI e com a imprensa. É como se tudo tivesse se virado contra ele.

“Sei que os espectadores reagem com surpresa à visão do homem real que ele foi, mas é emocionante tirar alguém do pedestal e colocá-lo junto da gente”, afirma o produtor-executivo do longa, o escritor Trey Ellis, indicado ao Emmy pelo roteiro do telefilme “Prova de fogo” (1995). “Antes de sua morte, ele era menos popular entre os negros, que o consideravam pacífico demais, enquanto os brancos o viam como radical e comunista. Após sua morte, todos quiseram um pedaço de seu legado, que acabou sendo distorcido ao longo dos anos. Para mim, o importante nesse filme é mostrar que King era um radical dentro de sua postura não violenta.”

“King no deserto” traz ainda imagens jamais vistas do líder, encontradas nos arquivos de TVs que cobriram os seus passos, mas não chegaram a veicular o material. Uma das cenas o mostra gargalhando, em meio à depressão, ao ser surpeendido com uma festa de aniversário. Um raro momento de descontração que, hoje, carrega um significado imensurável.

“Muita gente acha que ele nunca ria”, destaca Trey Ellis, que ficou responsável por colher os depoimentos.

Segundo o diretor Peter W. Kunhardt, os entrevistados, que incluem ainda os ativistas Diane Nash e Jesse Jackson, aceitaram de cara participar do documentário, como se fosse uma obrigação cívica deles. Mas atribui ao produtor o mérito pelas declarações detalhistas e íntimas.

“Eu, um cineasta branco, tomei a decisão certíssima de trabalhar com o Trey, que é negro e um estudioso sobre a questão racial. Ele fez as pessoas se abrirem de uma forma que eu provavelmente não teria conseguido”, diz o realizador, para quem o documentário ganha ainda mais relevância na era Trump. “Os amigos de King entenderam que era importante transmitir a mensagem aos jovens da nossa geração.”

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https://www.osul.com.br/martin-luther-king-se-sentia-deprimido-e-isolado-antes-de-morrer/ Martin Luther King se sentia deprimido e isolado antes de morrer 2018-08-26
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