Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 2 de novembro de 2015
Nem todas as funções cerebrais sofrem declínio durante a terceira idade. Em um estudo sobre conhecimentos gerais que comparou jovens a idosos, os mais velhos demonstraram maior capacidade de corrigir seus próprios erros após passarem duas vezes por um teste.
Janet Metcalfe é uma das autoras do estudo realizado pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. “A mensagem para levar para casa é que há algumas coisas que os adultos mais velhos podem aprender muito bem, ainda melhor do que os adultos mais jovens. Corrigir seus erros factuais, todos eles, é uma delas”, assinalou Janet, acompanhada de David Friedman, coautor da pesquisa.
“Existe um estereótipo tão negativo sobre as habilidades cognitivas dos adultos mais velhos, mas os nossos resultados indicam que a realidade pode não ser tão sombria quanto o estereótipo implica.”
Janet, Friedman e seus colegas exploraram, então, um fenômeno conhecido como “efeito hipercorreção”. De acordo com esse comportamento, quando as pessoas estão muito confiantes sobre uma resposta que acaba por ser a errada, eles tendem a corrigi-la; quando eles estão inicialmente inseguros sobre a resposta, no entanto, são menos propensos a corrigi-la.
Pesquisas anteriores mostraram que o efeito é acentuado em estudantes universitários e crianças, mas não tão forte em adultos mais velhos. Assim, os cientistas submeteram 89 voluntários a duas baterias de questões. Um grupo de 44 pessoas estava em torno dos 25 anos de idade, e os 45 restantes estavam em torno de 75 anos.
O estudo.
Na primeira etapa, indivíduos de ambos os grupos precisavam responder a uma série de questões de conhecimentos gerais e declaravam quão convictos estavam da resposta – muito ou pouco, em uma escala de 0 a 7. Na segunda, eram submetidos a uma bateria de questões composta só de perguntas que eles haviam errado antes.
Na primeira rodada, os idosos se saíram ligeiramente melhor – o que era esperado, porque um teste de conhecimentos gerais não depende só de memorização de curto e médio prazo, mais forte em jovens. O peso da experiência e da cultura conta muito.
Mas não era nesse resultado que os cientistas estavam interessados. O foco era saber se os idosos seriam capazes de corrigir seus erros com mais eficiência do que os jovens. Como existe uma noção geral de que jovens aprendem mais rápido, não seria surpreendente se eles se saíssem melhor na tarefa.
Surpresa.
Porém, não foi isso que aconteceu. Na segunda etapa, os idosos não se deixaram contaminar muito pelo efeito da hipercorreção, e deram tanta atenção para seus erros de baixa confiança quanto para os de alta confiança. Já os jovens sucumbiram ao viés relatado pelos psicólogos.
Quando os voluntários ganhavam uma segunda chance para corrigir suas respostas, os idosos conseguiram as respostas certas para 41% delas, enquanto os adultos jovens acertaram apenas 26%. Os resultados da pesquisa foram publicados em um artigo na revista Psychological Science.
“Os resultados mostraram não só que os adultos mais velhos tinham melhor desempenho em uma tarefa de informações gerais que testava seu conhecimento factual, mas também que eles corrigiam seus erros melhor que os adultos jovens”, escreveram Janet e seus colegas no estudo.
“Os adultos mais velhos foram capazes de reunir seus recursos de atenção para aprender as respostas corretas independentemente da convicção original de seus erros e a despeito de sua familiaridade com as respostas.”
De acordo com os pesquisadores, esse padrão de resultados sugere um foco de atenção que reflete as prioridades dos adultos mais velhos: “Eles se preocupam muito com a verdade, eles não querem cometer erros, e eles recrutam sua atenção para obtê-lo direito”, Janet e Friedman.