Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 24 de outubro de 2020
André Pacheco foi amparado pelo auxílio emergencial durante a pandemia
Foto: Marcello Casal/Agência BrasilQuando o vendedor ambulante André Pacheco, de 42 anos, pensa na redução do auxílio emergencial que sua mulher recebeu desde o início da quarentena, a preocupação toma conta da sua voz. Há quase dez anos vendendo yakissoba em uma feira no centro do Rio, ele viu o sustento da família, de oito pessoas, cair a zero durante o isolamento social. Mesmo com a volta parcial do comércio de rua, o movimento não é mais o mesmo de antes.
“A gente vê casos de aglomerações, mas a maior parte das pessoas ainda está com medo de sair. Meu movimento caiu pelo menos 30% em relação ao que era antes da pandemia. Em um dia de semana normal, vendia até 50 pratos por noite. Meu novo normal virou vender menos, apenas cinco.”
Este mês, a família não recebeu mais o auxílio de R$ 600 e precisou se virar com um beneficio menor, enquanto via os preços dos alimentos no supermercado explodirem. “A gente conseguiu se virar por um tempo, por ter recebido uma cesta básica do Movimento Unido dos Camelôs, mas ontem, minha mulher já avisou que o açúcar acabou. Os outros alimentos também estão no fim. A possibilidade de faltar comida tira o sono de qualquer um. A família é grande e todos estão desempregados.”
Todos os anos, a família espera o aumento das vendas no período entre o ano-novo e o carnaval, para fazer um pé-de-meia e atravessar os meses mais fracos, mas as festas foram canceladas.
“Nosso trabalho depende muito de aglomerações e, depois de um ano fraco, todo mundo contava com o carnaval e com o fim de ano, as duas festas mais importantes da cidade. Mas até isso a pandemia nos tirou. Enquanto essa vacina não sair, a gente não vai conseguir trabalhar direito.”