Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2020
O pré-diabetes é o primeiro estágio. Mesmo quando o resultado do exame de sangue é “normal”, você pode não estar totalmente livre do diabetes. Segundo pesquisas recentes, o tipo de normalidade da taxa de açúcar no sangue ainda pode elevar o risco da doença. Assim, alguns médicos estão levando esses resultados mais a sério. Ainda mais quando os pacientes apresentam outros fatores de risco, como obesidade ou histórico familiar.
É provável que o limite um tanto arbitrário entre a glicemia normal e a glicemia alta associada ao diabetes pode dar a milhões de pessoas uma falsa sensação de segurança, alerta Nicolas Cherbuin, da Universidade Nacional da Austrália. Sua pesquisa publicada em 2013 constatou que pessoas de meia-idade com leitura glicêmica em jejum na faixa mais alta da normalidade saíram-se não apenas pior em testes de memória, como também tiveram maior retração numa região do cérebro importante para a memória, em comparação às que tinham glicemia mais baixa. A glicose alta pode lesionar os vasos sanguíneos e obstruir o fluxo de nutrientes para o cérebro.
Os números que você deve conhecer
Diabetes: Glicemia de 126 mg/dl ou mais
Pré-diabetes: Glicemia entre 100 mg/dl e 125 mg/dl
Glicemia no limite da faixa de normalidade: Entre 90 mg/dl e 99 mg/dl (nova categoria estudada pelos riscos à saúde)
Glicemia normal: Atualmente definida como de 70 mg/dl a 99 mg/dl
Todos os níveis se baseiam no exame de glicemia de jejum; que requer o jejum de 8 horas durante a noite.
Outra pesquisa indica que a glicemia no limite da faixa da normalidade aumenta o risco de cardiopatia por promover inflamações e tornar mais rígidos os vasos sanguíneos. Um estudo israelense de 2012 constatou que indivíduos com glicemia em jejum entre 90 mg/dl e 99 mg/dl tinham probabilidade de apresentar doença cardíaca 40% maior do que aqueles com menos de 80 mg/dl.
O câncer é outra preocupação
Depois de acompanhar mulheres italianas durante 13 anos, os pesquisadores constataram que aquelas cuja glicemia em jejum ficava no limite da normalidade tinham 52% mais probabilidade de desenvolver câncer de mama do que as que apresentavam taxa abaixo de 80. Talvez uma das razões seja que a insulina liberada pelo organismo para controlar a glicemia também acelera o crescimento celular.
Antes de mais nada, todos devem conhecer sua glicemia. E mudar o estilo de vida quando essa taxa entra na faixa dos 90, diz o Dr. Joel K. Kahn, cardiologista especializado em prevenção, que trata muitos diabéticos ou pré-diabéticos.
A glicemia de jejum
“A glicemia de jejum ideal é abaixo de 85”, diz ele. “Cada ponto acima disso está associado a mais problemas, portanto, a melhor abordagem é agir logo.”
A Sociedade Brasileira de Diabetes e a Associação Americana de Diabetes recomendam exames de glicose de três em três anos a partir dos 45 anos. Mas pode ser necessário fazê-los com mais frequência. Ou ainda, caso a pessoa pertença a grupos étnicos de alto risco (afro-americanos, hispânicos e asiáticos), esteja acima do peso, tenha tido diabetes gestacional ou tenha diabéticos na família.
Portanto, os especialistas insistem numa maior vigilância. Pesquisas importantes mostram que o aumento da atividade física e uma alimentação melhor podem reverter o caminho rumo ao diabetes. O Programa de Prevenção do Diabetes, estudo americano inovador feito em 27 centros, verificou que pessoas com pré-diabetes podem reduzir em 58% o risco de desenvolver a doença; e até fazer a glicemia se normalizar caso se exercitem ao menos duas horas e meia por semana e emagreçam de forma apenas modesta quando necessário (cerca de apenas 20% dos pré-diabéticos são magros).
Estilo de vida
A pesquisa verificou ainda que a mudança, sobretudo do estilo de vida, teve efeito ainda maior do que os medicamentos. E os benefícios podem durar. De acordo com uma pesquisa na China, depois de 23 anos, quem participou de um programa de alimentação e/ou exercício a longo prazo teve menos probabilidade de desenvolver diabetes ou de morrer por outras causas.
Se sua glicemia estiver subindo, essa mudança na alimentação vai ajudar muito. A prática de exercícios recomendada pela ciência pode ajudá-lo a voltar a níveis mais saudáveis.
Adote a dieta mediterrânea
Segundo estudos que envolveram 140 mil pessoas, a probabilidade de desenvolver diabetes é 21% menor entre os que seguem a alimentação mediterrânea . Ela é baseada em alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, verduras, leguminosas, castanhas, cereais integrais e azeite. Peixe e frango são usados regularmente, mas não carne vermelha, manteiga e doces. Os fitonutrientes e as fibras dos vegetais ajudam a controlar o nível de açúcar no sangue, e o azeite pode reduzir inflamações.
Vermelho do bem
Além disso, um estudo britânico relacionou a maior ingestão de antocianinas com o melhor controle da glicemia. Antocianinas são nutrientes que dão às uvas e frutas silvestres os tons vermelho e roxo. Uma porção pode ter sobre a glicemia o mesmo impacto que a redução de um ponto no IMC.
Não pule o café da manhã
Quem costuma deixar de lado a refeição matutina tem mais probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2. O café da manhã ajuda a estabilizar a glicemia durante o dia. Combine de forma saudável proteínas, carboidratos complexos e gordura – por exemplo, iogurte com frutas e castanhas. Nesse sentido, começar o dia com montes de carboidratos simples (como um pãozinho com suco de laranja) é tão ruim para o nível de açúcar no sangue quanto pular a refeição, segundo experimentos da Universidade de Minnesota.