Carlos Roberto Schwartsmann Meus verdadeiros heróis!!
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 9 de setembro de 2021
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Desde criança nos ensinam a gostar, admirar e sonhar com os imaginários super-heróis com seus superpoderes (Batman, Superman, Homem Aranha, Mulher Maravilha, etc).
Durante a nossa vida vamos escolhendo e trocando constantemente nossos ídolos.
A maioria das crianças escolhe o pai como o primeiro super-herói.
No presente momento, com a pandemia, desemprego, fome, divergência política, fica muito difícil escolher um exemplo de grande herói.
Eu já escolhi os meus: são os Atletas Paraolímpicos. Entre eles está Daniel Dias!
Atletas paraolímpicos são todos aqueles que competem com “deficiência elegível permanente”: intelectual, física ou visual.
Os atletas são divididos em classes que possuem limitações atléticas semelhantes para que possam competir igualmente entre si. A classificação funcional pré-olímpica envolve exames de diversos profissionais da área médica e paramédica (ortopedistas, neurologistas, oftalmologistas, psicólogos, etc).
Daniel Dias nasceu 1988 na Santa Casa de Campinas!
Ao nascer, os médicos avisaram aos pais que, tragicamente, o menino possuía agenesia congênita parcial dos membros superiores.
O lado direito sem o antebraço e a mão e o lado esquerdo sem a mão, mas com o polegar. O membro inferior esquerdo era normal, mas no lado direito possuía amputação abaixo do joelho. Uma catastrófica notícia! Uma mudança drástica do futuro familiar!
Mas surpreendentemente, ainda na infância, conseguiu realizar dois sonhos quase inatingíveis para quem sofreu tamanha mutilação: andar de bicicleta e tocar bateria.
Ainda, como ele mesmo recorda, teve que vencer o bullying de ser chamado de “saci” e “aleijado”.
Daniel Dias é o maior nadador paraolímpico na história do Brasil! É recordista mundial. Até a presente olimpíada conquistou 27 medalhas: 14 são de ouro!! Recebeu três TROFÉUS LAURENS do esporte mundial para atletas com deficiência (O Oscar do esporte).
Por nossa cultura latina somos muito arraigados ao nosso corpo.
Sorte que a sua cabeça o tornou um indivíduo excepcional, impar, exemplar! Um orgulho para todos nós Brasileiros.
O médico frequentemente escuta lamentos: porque foi acontecer isto comigo? Vou ter que fazer cirurgia, radioterapia?!
Tenho que ficar imobilizado todo este tempo?!
Normalmente esquecemos que aquele infortúnio é temporário. Em breve voltaremos ao normal.
As sequelas do Daniel foram muito graves e serão para sempre!
Em recente entrevista disse: “Não é uma deficiência física que nos define, o que nos define está dentro de cada um de nós”.
Mostrou que sempre podemos nos superar, mas é preciso ter garra, persistência e determinação.
Ainda na entrevista se curvou diante do criador: “gostaria de agradecer a Deus por tudo que me deu! Obrigado”!
Já vi centenas de fotos do Daniel e, o que mais me chamou atenção, foi o seu constante e contagiante sorriso na sua face irradiando felicidade.
Ao termino, fico feliz por poder ter escrito isto: uma homenagem a todos atletas com deficiência: MEUS VERDADEIROS HERÓIS!!
Prof. Dr. Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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