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Por Redação O Sul | 2 de abril de 2019
O MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo apresentou nesta terça-feira (02) denúncia em que acusa o ex-presidente Michel Temer de lavagem de dinheiro por meio de uma reforma na casa de uma de suas filhas.
A reforma na casa da psicóloga Maristela Temer, no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo, feita de 2013 a 2015, foi bancada pelo coronel da PM João Baptista Lima Filho e pela mulher dele, Maria Rita Fratezi. A suspeita é de que o dinheiro teve origem em propina arrecadada pela empresa Argeplan, de Lima.
O caso chegou a ser mencionado como um dos motivos para a prisão preventiva de Temer pela Lava-Jato do Rio, há duas semanas. Com a saída dele da Presidência da República, a apuração foi transferida para a Justiça Federal em São Paulo. Maristela Temer, o coronel Lima e sua mulher também foram denunciados.
A Procuradoria afirma que a reforma custou R$ 1,6 milhão. Entre as fontes desse financiamento, diz a acusação, estão desvios nas obras da usina nuclear de Angra 3. A acusação sustenta que o período da reforma coincide com recebimentos de dinheiro por Lima, incluindo quantia mencionada na delação da JBS, em 2017.
“Os antecedentes que foram pagos em dinheiro vivo vieram a ser usados para o pagamento a fornecedores [da reforma]”, disse o procurador André Lasmar. Os procuradores dizem que as provas incluem recibos de pagamentos por materiais e serviços feitos por Fratezi e Lima, mensagens de celular e depoimentos de fornecedores que confirmaram recebimentos em dinheiro vivo.
Para vincular Temer ao caso, mencionaram uma troca de mensagens de Maristela e Fratezi em que supostamente falam sobre a aprovação dos gastos pelo ex-presidente e um e-mail enviado a uma assessora dele tratando do assunto.
O coronel da PM e a mulher também estiveram presos por ordem do juiz Marcelo Bretas, mas, a exemplo de Temer, obtiveram habeas corpus na semana passada. Na denúncia, é ressaltado o vínculo antigo entre Temer e o coronel, que o assessorou nos anos 1980 quando o ex-presidente foi secretário estadual em São Paulo.
Há outras duas investigações em andamento em São Paulo que envolvem o coronel Lima. Uma delas trata de um contrato entre a Argeplan e o Tribunal de Justiça do Estado.
“Se no futuro se entender que [o caso do tribunal] é de competência estadual, será devidamente declinado. Como a gente sabe, sem querer antecipar a linha de investigação ou coisa do tipo, o pagamento de propinas ou de outros meios de corrupção são por meio de vantagens cruzadas, trocadas, envolvendo obras estaduais, federais, em um pacote simultâneo”, afirmou o procurador Thiago Lacerda Nobre.