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Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2018
A gravação em que Eduardo Bolsonaro (PSL) diz que “um soldado e um cabo” bastam para fechar o STF (Supremo Tribunal Federal) causou forte alarido. Para ministros, o vídeo evidencia “autoritarismo e despreparo”. “Tribunais só são peças dispensáveis na ditadura”, afirmou um magistrado. “E o que temiam, aconteceu. Há investigação no TSE e eles vão ter que conviver com essa sombra.” Dias Toffoli, presidente da corte, está sob pressão para responder. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
O filme que viralizou é o trecho de uma palestra de Eduardo a alunos de um cursinho para ingressar na PF, em julho. A polêmica fala foi feita durante resposta a um aluno que perguntou se ele descartava uma ação do STF para impedir a eleição do pai —e uma consequente reação das Forças Armadas.
Antes de falar em tom de galhofa sobre o hipotético fechamento do Supremo, Eduardo disse que não achava impossível que usassem uma doação irregular de “R$ 100 do José da Silva” para impugnar a candidatura de Bolsonaro.
O presidenciável agora é alvo de investigação pelo escândalo do WhatsApp. É a esse caso que o ministro do Supremo se referiu como sombra.
Um outro magistrado do STF fez muitos comentários sobre o linguajar usado pelo filho de Bolsonaro ao longo da palestra. Com o evento em clima descontraído, Eduardo disse diversos palavrões.
No início da palestra, o filho de Bolsonaro falou sobre o ingresso na PF — ele é escrivão — e descreveu a rotina na corporação. Ele criticou quem não defende polícia letal. “Policial treinado para atirar na perna?”, ironizou. “Policiais morrem por medo de apertar o gatilho.”
O discurso gravado por Jair Bolsonaro (PSL) para os eleitores que foram às ruas neste domingo (21), em SP, intrigou alguns opositores. Guilherme Boulos (PSOL) comentou que, mesmo em vantagem, o capitão reformado não baixa o tom.
“Ele deixou claro que opositor tem dois caminhos: sair do País ou ir preso”, disse Boulos. “Esse discurso empodera todo tipo de maluco.”
Aliados de Bolsonaro que têm conversado com Rodrigo Maia (DEM-RJ) sobre a sucessão na Câmara deram a entender que ele poderia ter o apoio do grupo que apoia o presidenciável para se reeleger comandante da Casa se aprovasse a reforma da Previdência ainda este ano.
Maia explicou que não tinha como garantir a votação de mudanças nas regras de aposentadoria. Ainda assim, aliados do democrata dizem que são grandes as chances de terem o apoio da base que se aliará a Bolsonaro caso ele vença a eleição.
Maia acha que consegue atrair siglas da oposição, como PT e PC do B. Nesse cenário, para que ele não se reeleja presidente da Câmara só com esses votos, dizem aliados, os bolsonaristas seriam forçados a aderir.
Brasil no espelho
A polarização entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) também divide aliados do presidente. Enquanto alguns auxiliares já declararam apoio ao nome do PSL, outros admitem votar no petista —mesmo após terem sido chamados de golpista.