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Por Redação O Sul | 23 de julho de 2017
Com uma série de recordes de valorização nos primeiros meses de 2017, a moeda virtual Bitcoin quase quadruplicou sua cotação desde julho de 2016, alcançando o equivalente a 2.563,62 dólares no início de julho. O cenário dá a impressão que, após anos de polêmicas e especulações, o Bitcoin finalmente pode se consolidar como a principal opção para transações financeiras pela internet. Porém, neste mês já caiu consideravelmente. Nestes altos e baixos, já existe um rival de peso: outra moeda virtual, a Ether, chama a atenção dos entusiastas do setor. No último ano, a cotação dessa moeda virtual multiplicou-se por 25, passando de 11,90 dólares para 304,85 dólares.
A cotação ainda deixa a Ether bem atrás do Bitcoin. O foco dos investidores, porém, não está no curto prazo, mas nas perspectivas. A moeda virtual tem apresentado crescimento acelerado e se aproximado, pouco a pouco, do valor de mercado do Bitcoin. Segundo o site Coin Market Cap, que monitora moedas virtuais, o total de Ethers em circulação soma 28 bilhões de dólares, o que representa 66% do valor do Bitcoin, de 42 bilhões de dólares– no início de 2017, a Ether representava menos de 5% do Bitcoin.
Operação
Em essência, Bitcoin e Ether operam de maneira similar. Ambas podem ser usadas de forma anônima, a partir de uma carteira digital. As transações realizadas com a moeda (como transferências e pagamentos) são registradas em uma blockchain, uma espécie de livro-caixa digital, que funciona de maneira pulverizada.
Ao “emprestar” seu poder de processamento de seus computadores para validar as transações, os membros da rede – chamados de “mineradores” – são remunerados com novas moedas virtuais.
Apesar do modelo de processamento ser semelhante, as origens e propósitos das duas moedas são distintos. Enquanto o Bitcoin foi criado em 2009 para provar ao mundo que era possível criar uma moeda totalmente digital e descentralizada, a Ether nasceu para ser o “combustível” para a blockchain Ethereum. “A moeda é uma consequência dessa plataforma”, diz o economista carioca Paulo Aragão, que desde 2006 estuda e investe em moedas virtuais.
“A Ethereum nasceu para ser uma plataforma em que qualquer pessoa possa criar aplicativos com base em contratos inteligentes”, diz o pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), Gabriel Aleixo. “É possível criar serviços nessa blockchain que podem transferir moedas virtuais, mas também outros ativos, como votos em uma eleição.”
Entre os serviços que já foram criados sobre a blockchain da Ethereum estão os “cartórios virtuais”, que registram documentos, como certidões de nascimento ou casamento, e permitem que a autenticidade deles seja confirmada depois.
Para que operações sejam processadas pela rede distribuída da Ethereum, cada minerador ganha uma quantia na moeda virtual Ether. O valor pode ser negociado em bolsas online e resgatado em dinheiro real. Há também aqueles que preferem manter as moedas virtuais na carteira, aguardando saltos na cotação para lucrar.