Quinta-feira, 24 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2020
Ao volante de seu táxi, em Estocolmo, na Suécia, Jotta Nikopoulou faz sucessivas entregas de testes de covid-19. Assim como Jotta, muitos taxistas no país estão salvando suas economias pessoais, afetadas pela pandemia, depois que as autoridades da capital sueca adotaram a estratégia de utilizar cooperativas de táxis para reforçar as ações contra o novo coronavírus.
Desde o início do verão sueco (junho deste ano), pessoas com sintomas de covid podem solicitar o teste e receber o kit em casa, com a ajuda da força-tarefa dos taxistas. A medida mostra a importância que as autoridades de Saúde locais passaram a dar à testagem no combate ao vírus.
Duas empresas de táxis, somando 1.150 motoristas, cumprem atualmente a missão. Juntas, distribuem 25 mil testes por semana na região de Estocolmo, segundo o hospital universitário Karolinska. No total, nessa área, são realizados entre 45 mil e 52 mil testes semanais, em média.
“Fizemos um curso sobre como atuar, aplicando todas as medidas (de segurança) e guardando distância das pessoas”, explicou Jotta Nikopoulou, que, no entanto, não usa máscara, porque a Suécia é um dos poucos países no mundo que não exige o uso da proteção individual.
Embora a Suécia aplique uma estratégia menos rígida do que qualquer outro país para combater a pandemia, sem confinamento e poucas medidas coercitivas, Jotta explica que sua atividade foi muito afetada.
“Ninguém queria ir ao escritório, ninguém queria ir aos aeroportos, então não tínhamos nenhum serviço”, lamenta. O colapso do número de viagens que atinge muitos taxistas em todo o mundo tornou esta profissão uma das mais afetadas pelas medidas restritivas.
Com 7.200 mortes e quase 300.000 casos em um país de 10,3 milhões de habitantes, a Suécia tem um dos saldos de vítimas proporcionalmente mais altos da Europa, muito maior do que seus vizinhos nórdicos.
UTIs lotadas
Único país que não adotou o isolamento domiciliar no controle ao coronavírus, a Suécia agora convive com um drama já comum às demais nações. Autoridades de saúde na capital Estocolmo alertaram que a cidade vive um colapso nos hospitais, com taxas de leitos de UTI e enfermaria chegando próximas dos 100%% nas principais unidades.
Na quarta-feira (9), o chefe do serviço de saúde de Estocolmo pediu que enviassem novos enfermeiros especializados e outros funcionários de hospital para o tratamento de pacientes. “Precisamos de ajuda”, afirma Bjorn Eriksson.
Diante desse cenário preocupante, o país já se mobiliza em ações de emergência para evitar a disseminação da doença.
A primeira atitude foi o fechamento dos colégios de ensino secundário até 6 de janeiro, período que as autoridades esperam que a segunda onda de covid-19 na Europa tenha passado. Além disso, estão proibidas reuniões com mais de 50 pessoas, visitas à idosos em asilos e venda de bebidas alcoólicas depois das 22h nos bares e bistrôs do país.
As medidas buscam evitar a propagação em grupos de faixa etária altamente contagiosa a fim de reduzir a aglomeração. O país também já estuda abrir hospitais de campanha provisórios – algo feito no Brasil, nos Estados Unidos e na Inglaterra anteriormente – para atender a demanda, além de reservar leitos de outras enfermidades para que sejam exclusivos aos pacientes com coronavírus.