Terça-feira, 30 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2018
Em entrevista coletiva na Farnborough Air Show, o presidente-executivo da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, afirmou que não prevê que alguém possa ser contra a parceria com a Boeing. Os principais executivos da Boeing e da Embraer defenderam nesta segunda-feira (16) a parceria na área de aviação comercial entre as duas empresas e disseram que estão confiantes na aprovação regulatória do negócio.
“Não posso prever que alguém será contra este projeto, dados os benefícios que isso trará para o Brasil”, disse o executivo. “Quem pode ser contra mais empregos, mais exportações, mais tecnologia, mais acesso a capital?”, completou.
As duas empresas anunciaram neste mês que fecharam um acordo sob o qual a Boeing assumirá o controle da divisão de aeronaves comerciais da Embraer em uma nova joint venture de US$ 4,75 bilhões (R$ 18,3 bilhões) que reformulará um duopólio global de jatos de passageiros.
O presidente-executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, afirmou durante o evento que o acordo com a Embraer marcará um momento definidor na história da companhia norte-americana e que há um “grande alinhamento” entre as empresas.
Muilenburg afirmou que o acordo vai permitir à Boeing buscar clientes com combinações de frotas envolvendo os modelos de aviões 737 MAX e a família E2, da Embraer, e oferecer a eles mais serviços.
O acordo entre Boeing e Embraer precisa de aprovação de autoridades que incluem o governo brasileiro, que tem se mostrado favorável à operação. A compra da divisão de jatos comerciais da Embraer vai adicionar ao portfólio da Boeing aviões com capacidade para 70 a 130 passageiros e deve impulsionar o lucro por ação da companhia norte-americana a partir de 2020.
Na semana passada, sindicatos de trabalhadores da Embraer no Brasil mantiveram postura contrária ao negócio, afirmando que a empresa já demitiu apenas neste ano cerca de 300 funcionários em sua principal fábrica, em São José dos Campos (SP), algo que a companhia brasileira afirma se tratar de “rotatividade natural da empresa” e que “vem mantendo estável o volume de empregos no Brasil”.
Além da operação na área de jatos comerciais, Boeing e Embraer vão aprofundar laços nas vendas e serviços envolvendo o cargueiro brasileiro KC-390.
As companhias afirmaram a jornalistas que vão colaborar com novas gerações ou modificações da plataforma do KC-390, bem como vão estabelecer acordos mútuos para gestão de fornecedores nas operações com aviões de passageiros e militares.
O que é uma joint venture?
Joint venture é uma empresa criada a partir dos recursos de duas companhias que se unem e passam a partilhar os custos e dividir seus resultados financeiros (lucros e prejuízos).
No caso da Embraer e Boeing, a expectativa é de que a nova empresa gere uma sinergia anual de custos estimada em cerca de US$ 150 milhões, sem considerar impostos, até o terceiro ano do negócio.
Por que Boeing e Embraer estão unindo forças?
A Boeing e a Embraer anunciaram no fim do ano passado que estudavam unir seus negócios. A expectativa era de que a união entre as duas poderia criar uma gigante global de aviação, com forte atuação nos segmentos de longa distância e na aviação regional, e capaz de fazer frente a uma união similar entre as maiores concorrentes, Airbus e Bombardier, que também se uniram.
A americana e a brasileira se unem para tentar consolidar em um mesmo negócio duas operações fortes, uma em aviação de longa distância, outra para deslocamentos regionais. Enquanto a Boeing é a principal fabricante de aeronaves comerciais para voos longos, a Embraer lidera o mercado de jatos regionais, com aeronaves equipadas para voar distâncias menores.