Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2019
Em mais uma crise no governo provocada pelo escritor Olavo de Carvalho, a resposta mais dura veio do general da reserva Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, que classificou o escritor de “Trótsky de direita”, sem “princípios básicos de educação e respeito” e como alguém que age para “acentuar as divergências nacionais”.
Um dos nomes mais respeitados nas Forças Armadas, o general, hoje assessor especial do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, deu pela redes sociais o recado que os militares querem passar: Olavo de Carvalho precisa “deixar o governo”.
A análise foi feita à Reuters por uma fonte palaciana que acompanha de perto as crises que têm sido causadas pelos ataques do escritor aos militares – e que tem sido respaldadas pelos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o vereador do Rio de Janeiro Carlos e o deputado federal Eduardo.
“Mais uma vez o senhor Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas, demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia”, escreveu Villas Bôas.
O general, com quase 600 mil seguidores no Twitter – bem mais do que Olavo de Carvalho, com 133 mil –, foi a voz da insatisfação dos militares no governo.
A mais nova disputa entre a ala militar e os chamados “olavistas” do governo foi escancarada mais uma vez na onda de ataques ao ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Incomodado, o próprio ministro foi, na noite de domingo, conversar com Bolsonaro. Disse que estava sendo vítima de um ataque orquestrado que envolviam os filhos do presidente.
“Eles têm intimidade o suficiente para o ministro chegar e reclamar do que está acontecendo”, disse uma fonte palaciana. Depois de criar polêmica atacando o vice-presidente Hamilton Mourão, o escritor voltou suas baterias a Santos Cruz. Em uma série de tuítes no final de semana, chamou o ministro de fofoqueiro e outros adjetivos. A sessão de ataques se manteve nesta segunda-feira.
A crise foi aumentada quando o humorista Danilo Gentili publicou nas redes sociais uma entrevista do ministro dada à rádio Jovem Pan no início de abril. Em sua fala, Santos Cruz disse que “as distorções e os grupos radicais, sejam eles de uma ponta ou de outra, da ponta leste ou da ponta oeste, isso aí tem que ser tomado muito cuidado, tem que ser disciplinado. A própria legislação tem de ser melhorada”.
O ministro virou alvo de um ataque coletivo nas redes sociais. O próprio Bolsonaro usou o Twitter para dizer que não haveria controle das redes. “Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluída as sociais. Quem achar o contrário recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba”, escreveu.
Ao ter desautorizado publicamente o seu ministro, Bolsonaro terminou por ampliar a margem para os ataques a Santos Cruz. No entanto, nesta segunda, ao ser perguntado se o ministro ainda tinha seu respaldo, Bolsonaro foi enfático: “Completamente”.