Geral Número de casos de aids no Brasil volta a crescer e já supera cinco registros por hora
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2016
O número de infectados pelo vírus da aids voltou a subir no Brasil, conforme os números do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids). A população vivendo com a doença no País passou de 700 mil, em 2010, para 830 mil em 2015, com 15 mil mortes por ano. “O Brasil sozinho responde por mais de 40% das novas infecções de aids na América Latina”, alertou o Unaids. De cerca de 43 mil novos casos em 2010, o País passou para 44 mil em 2015 (mais de 5 por hora).
Em termos globais, o número de novas infecções pelo mundo caiu apenas de forma modesta, de 2,2 milhões, em 2010, para 2,1 milhões em 2015. Entre os adultos, ela se manteve inalterada em 1,9 milhão. O Brasil e a América Latina, porém, caminharam em direção oposta, de alta. “No Brasil, vemos um aumento da aids e em parte por complacência”, disse o diretor executivo do Unaids, Michel Sidibé. “O País era o melhor aluno da classe. Por anos, vimos a força incrível do Brasil, liderando o debate mundial. Hoje, essa força foi perdida. Isso deixa claro que não se pode baixar a guarda”, reiterou. Entre adultos brasileiros, os novos casos subiram 18,91% em 15 anos – eram 37 mil em 2000.
Segundo o Unaids, o principal fator de alta no Brasil foi o avanço de novos casos entre gays e homens que mantêm relações com homens (heterossexuais que admitem fazer sexo ocasionalmente com outros homens). Citando estudos de 2009, a agência já apontava que a prevenção poderia estar falhando: quase metade dos homens que têm relações com outros homens nunca foi testada. Para Sidibé, os governos precisam indagar-se por que tais populações não estão recebendo a atenção necessária.
No Brasil, apenas 6% do orçamento contra a aids seria para prevenção. E, no total, 452 mil pessoas recebem a terapia com o coquetel no País. Procurado, o Ministério da Saúde confirmou os dados, mas considerou que indicam “estabilidade”. “O que se observa é tendência de redução da taxa de incidência: em 2010, era 22,5 casos por 100 mil habitantes; em 2014, eram 21,5 casos por 100 mil. A mortalidade passou de 6 óbitos a cada 100 mil, em 2005, para 5,7”, registrou a pasta. O governo ainda ressaltou que o gasto de 6% em prevenção é apenas o federal.
Mas a preocupação dos especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas) não é apenas com o Brasil. “Estamos soando o alarme em todo o mundo. O progresso parou”, alertou. “Falta prevenção. Se houver um aumento de novos casos de infecção agora, a epidemia será impossível de ser controlada. O mundo precisa tomar medidas urgentes e imediatas, com enormes perdas econômicas.” Hoje há 36,7 milhões de pessoas vivendo com a doença no mundo.
Em média, 1,9 milhão de adultos a cada ano foram infectados com o vírus desde 2010. A ONU esperava acabar com a aids até 2030. “Agora, corremos o risco de ver todos os avanços se perderem”, afirmou Sidibé. Na avaliação do Unaids, governos precisam focar esforços em populações mais vulneráveis, além de reforçar a prevenção e dar mais opções aos jovens. Apesar dos avanços, só 57% dos infectados sabem que estão infectados com o HIV e apenas 46% dos doentes (17 milhões) têm acesso a tratamentos. (AE)
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