Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de fevereiro de 2021
				O Brasil não receberá de uma só vez este mês entre 10 e 14 milhões de vacinas anti covid-19 pelo Covax, o mecanismo multilateral para acesso equitativo às doses. O Valor apurou que o governo do presidente Jair Bolsonaro precisa ainda negociar diretamente com o laboratório AstraZeneca e que o tamanho dos lotes a serem enviados ao Brasil vão depender de “ajustes’’ na capacidade de produção.
Na prática, o pacote inicial de 10 milhões a 14 milhões de vacinas – para imunizar até 7 milhões de pessoas –, só chegará ao País ao longo do primeiro semestre, dependendo dos próximos passos nas negociações.
No dia 6 de janeiro, os organizadores do Covax ofereceram “oportunidade para todos os participantes expressarem interesse’’ no primeiro lote de vacinas. Duas semanas depois, os responsáveis pelo mecanismo receberam manifestações de interesse de 72 países. Desses, 36 foram de países com compromisso de compra adiantado. Esses países estarão na frente da fila.
Os outros 36 incluíam países que preferiram o modelo de opção de compra, como foi o caso do Brasil.
Os comitês técnicos em Genebra fizeram então recomendações, com base em
“distribuição equânime e situação epidemiológica de cada país”.
O Brasil não foi incluído no primeiro pacote de distribuição de vacinas da
Pfizer/BioNTech. Mas a OMS deixou claro que vai haver doses adicionais dessa vacina que poderão vir a ser alocados para o Brasil no futuro.
Em seguida, os responsáveis pelo Covax informaram ao Brasil que o país seria
“aquinhoado” com vacinas da AstraZeneca/Oxford vindas de dois fornecedores diferentes, o Serum Institute indiano e o SK da Coreia do Sul. Essas versões da vacina deverão ser aprovadas pela OMS neste começo de fevereiro.
Mas o comunicado do Covax às autoridades brasileiras deixa claro que o volume de 10 milhões a 14 milhões é “um valor indicativo do número de doses, cobrindo os dois primeiros trimestres, por causa da contração da produção dessa vacina’’.
Assim, entre 25% e 35% das doses do lote inicial devem chegar ao Brasil no primeiro trimestre. E entre 65% a 75% serão entregues entre os meses de abril e junho. Mas tudo isso pode sofrer ajustes, dependendo do ritmo de produção das doses.
O próximo passo para o Brasil receber qualquer dose passa pela negociação direta do governo com a AstraZeneca sobre a responsabilização envolvendo o uso da vacina.O laboratório quer ficar isento de qualquer responsabilidade no caso de haver efeitos colaterais.
Além disso, o Brasil precisará contactar a Unicef ou a Opas (Organização PanAmericana de Saúde), que organizam a aquisição das doses junto aos laboratórios.
O coordenador de compras da Unicef ou da Opas vai estimar o custo das doses, e em seguida o Brasil deverá transferir o pagamento do primeiro volume.
Estimativas em Genebra dão conta de um preço de US$ 8 por dose da AstraZeneca. É praticamente o dobro do custo estimado por consultorias como Airfinity, de Londres, em outros contratos de compras fora do Covax.
O governo Bolsonaro comemorou o anúncio das vacinas do Covax, no sábado. Mas a realidade é que só depois de muita insistência do Ministério das Relações Exteriores foi que a hesitação para entrar no Covax foi derrubada.
Depois do pacote inicial de 135 milhões de vacinas no primeiro trimestre, o Covax vai distribuir doses no segundo, terceiro e quarto trimestres, sempre aumentando os volumes para os países, até totalizar cerca de 2 bilhões de doses em 2021.