Segunda-feira, 16 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 26 de março de 2023
Há quem diga que o dia só começa depois de uma xícara. Alguns só bebem com açúcar. Outros tomam para ficar em alerta após o almoço ou antes da atividade física. Independentemente da forma de consumo, o café é uma das bebidas mais apreciadas no mundo. No Brasil, só não é mais ingerida que a água.
A fama do café passa pelo seu principal componente: a cafeína. No corpo, a substância melhora o humor, estimula o raciocínio e a memória e tem o poder de fazer o sono passar. Mas, em excesso, pode causar arritmias cardíacas, ansiedade e dependência.
Estudos mostram que tomar café em doses moderadas faz bem à saúde. Há um limite seguro de ingestão diária de cafeína, o que afeta a quantidade de xícaras a serem bebidas. Além disso, o tipo de café e a forma de tomá-lo também fazem diferença na hora de adotar um consumo mais saudável.
Confira:
– O consumo de cafeína por dia não deve ultrapassar os 400 miligramas (mg);
– Isso representa de 2 até 4 xícaras pequenas de café;
– Cafés instantâneos ou solúveis contêm menos cafeína do que cafés torrados e moídos;
– O ideal é evitar o consumo após às 15h;
– Não é recomendado a ingestão de 300mg de cafeína de uma vez só;
– A cafeína também está presente em energéticos, refrigerantes, chocolates e até remédios.
“A cafeína funciona como um estimulante do sistema nervoso simpático. Então as pessoas se sentem renovadas depois de uma dose de café”, disse Octavio Marques Pontes Neto, neurologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
Cafeína engana o cérebro
Antes de falar de cafeína, precisamos falar da adenosina.
A adenosina é um neurotransmissor produzido pelo próprio corpo. Ele vai sendo liberado à medida que a energia vai sendo gasta ao longo do dia. Conforme a produção de adenosina aumenta, aumenta também a sensação de cansaço.
O que as duas têm em comum? As moléculas de cafeína e de adenosina são muito parecidas. Isso faz com que o cérebro seja “enganado” após a ingestão de uma xícara de café.
A cafeína é absorvida pela corrente sanguínea de 15 até 40 minutos. No cérebro, ela se liga a receptores cerebrais que, até então, estavam recebendo a adenosina. É nessa etapa que a mágica acontece: a cafeína, de certa forma, “engana” o cérebro e inibe a ação da adenosina.
Apesar das duas substâncias serem bem parecidas fisicamente, na prática provocam efeitos opostos: enquanto a adenosina é ligada à sonolência, a cafeína nos estimula a ficar acordado.
“A cafeína impede que a adenosina faça esse efeito de cansaço”, explicou o neurologista Octavio Marques Pontes Neto. “Você fica em estado de alerta porque o café bloqueia a ação da adenosina, que é uma substância relacionada à fadiga”, afirmou.
Por isso, após uma xícara de café, o sono passa e você fica hiperativo e mais concentrado.
O estímulo provocado pela cafeína pode durar até seis horas, de maneira geral. Esse tempo pode ser maior em pessoas que tomam anticoncepcional ou outros hormônios. Em gestantes, o efeito pode permanecer de 12 até 15 horas.
Quantidade de café ao dia
O ideal depende da quantidade de cafeína dentro de cada xícara. E também em outros alimentos e bebidas que contenham o estimulante e que podem ser consumidos ao longo do dia.
Entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Food and Drug Administration (FDA) e a International Coffee Organization (ICO) dizem que um consumo moderado gira em torno de 200 até 400 miligramas (mg) de cafeína por dia.
Em geral, essa quantidade está presente em duas até quatro xícaras de café. O tamanho padrão de uma xícara no Brasil é 240 mililitros (ml), mas há cafés que são servidos em recipientes menores.
O tipo de café também deve ser levado em consideração: cafés instantâneos ou solúveis têm menos cafeína do que torrados e moídos. Um café coado tem menos cafeína, mas será ingerido em maior quantidade do que um expresso, que tem mais cafeína.
Além do café, a cafeína pode ser consumida de outras formas, como em comprimido e em pó – algo mais comum entre atletas e praticantes de atividades físicas. Nesses casos, especialistas alertam que a quantidade da substância geralmente é bem mais alta do que a presente em um cafezinho.