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Política O Centro e o PT disputam com Bolsonaro o eleitorado evangélico para 2022

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Segundo Bolsonaro, partes do texto contrariam o interesse público e representam uma medida “antieconômica e desnecessária”. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Importante base de apoio do presidente Jair Bolsonaro, os evangélicos podem ser decisivos na disputa presidencial de 2022. Cientes disso, os potenciais adversários na disputa se articulam para conquistar ao menos parte desse apoio hoje majoritariamente direcionado para a reeleição do presidente. Embora sem sucesso, Bolsonaro ganhou ainda mais pontos com esse eleitorado ao tentar convencer o Supremo Tribunal Federal (STF) da abertura de templos em meio à pandemia do novo coronavírus.

Do outro lado do espectro político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se movimenta para abrir diálogo com fiéis e igrejas independentes. Entre os dois polos, candidatos de centro também procuram uma brecha para se aproximar desse segmento.

Interlocutores do chamado Polo Democrático – grupo que reúne seis possíveis candidatos à Presidência, inclusive o apresentador Luciano Huck e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) – propõem um “amplo debate” com os evangélicos. Um dos integrantes do Polo afirma, no entanto, que ainda “vai chegar a hora” de avançar nessa articulação ainda tímida. O grupo lançou um manifesto em defesa da democracia no fim de março, que também foi assinado pelo ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT); pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB); e pelo ex-candidato do partido Novo à em 2018, João Amoedo.

“Por enquanto, não tem ninguém que possa fazer frente a Bolsonaro no mundo evangélico. Ninguém”, diz o pastor e psicólogo Silas Malafaia, que lidera desde 2010 a Assembleia em Deus Vitória em Cristo. “Eu conheço essa turma toda, as grandes lideranças (evangélicas). Não conheço um líder desses que esteja conversando com outro (pré-candidato) ou apoiando outro”, disse Malafaia ao Estadão. “Das grandes lideranças, 99% apoiam Bolsonaro.”

Malafaia cita os pastores José Wellington Bezerra da Costa e Manoel Ferreira (Assembleia de Deus), Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus), R.R. Soares (Igreja Internacional da Graça de Deus) e Valdemiro Santiago (Igreja Mundial do Poder de Deus) como apoiadores de Bolsonaro, entre outros. Como revelou o Estadão, pesquisa IPEC divulgada no mês passado, com foco no potencial de votos de cada presidenciável, confirma que a maioria dos simpatizantes de Bolsonaro (53%) são evangélicos. “Sabemos da luta ideológica dele”, disse o deputado e teólogo Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). “Ele fez jus à fidelidade eleitoral dos evangélicos”, emendou.

Enquanto Bolsonaro tem o apoio de pastores, Lula aposta num caminho diferente: falar diretamente com os fiéis e com os pastores de igrejas independentes, que não são ligadas a nenhuma grande congregação. O partido planeja um encontro nacional de evangélicos da legenda – o terceiro do tipo na história do PT – para o segundo semestre.

“Lula não tem absolutamente nada contra nenhuma organização, grande ou pequena. O que ele fala é o seguinte: fora do púlpito da igreja, nós, como militantes, temos o direito de conversar com pessoas de todas as religiões (…). Nunca procuramos o apoio dos líderes. ‘Você é pastor, eu quero o seu apoio’. Não é assim. Nós vamos para o processo de convencimento, de militância. Cada um fala com os seus iguais”, diz a deputada federal e ex-governadora do Rio de Janeiro Benedita da Silva – fiel da igreja presbiteriana, ela é uma das principais líderes evangélicas do PT.

Benedita da Silva diz ainda que as igrejas evangélicas – especialmente as neopentecostais – possuem muitos fiéis de menor renda, que foram especialmente beneficiados por políticas sociais da era petista. É este tipo de argumento que os petistas evangélicos pretendem levar para as conversas sobre 2022.

Incentivador da candidatura de Luciano Huck, o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirma que “o diálogo deve ser com todas as religiões”. “Estamos disputando a Presidência da República, não o papado. O tratamento será de profundo respeito com todos. Estamos abrindo conversas com todos (os segmentos religiosos)”, afirmou.

Ariovaldo Ramos é presbítero da Comunidade Cristã Reformada em São Paulo e Coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. Segundo ele, o eleitorado evangélico não segue automaticamente o que desejam os pastores das grandes igrejas. “É um equívoco pensar que os líderes das denominações controlam o voto dos evangélicos. São coisas diferentes. O povo evangélico tem o seu próprio arbítrio e o utiliza, e nem sempre segue as lideranças”, diz ele. Embora não seja filiado a nenhum partido, Ramos é considerado um líder de esquerda dentro do mundo evangélico.

Nos últimos anos, argumenta Ariovaldo, o mundo evangélico sofreu uma mudança: igrejas independentes, que não são ligadas a nenhuma grande denominação, passaram a abranger a maioria dos fiéis. “A igreja é uma unidade, que não pertence a nenhum grupo, não está submissa a nenhuma corrente. Cada unidade decide a sua própria teologia. “Acho que (o deputado) Sóstenes (Cavalcante) está pensando ainda com essa categoria da liderança denominacional como decisiva para o voto evangélico. Já não é mais. A maioria está nas igrejas independentes”, afirmou.

Em 2010, os evangélicos representavam 22% da população do País, segundo a última edição do Censo, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro de 2020, uma pesquisa do Instituto Datafolha estimou em 31% o porcentual de evangélicos no Brasil. Segundo Malafaia e Sóstenes, algo como 80% dos fiéis votaram em Bolsonaro em 2018.

Além do alinhamento com as pautas evangélicas, o governo Bolsonaro tem protestantes em postos-chave: desde junho passado o Ministério da Educação é comandado pelo pastor presbiteriano Milton Ribeiro. Damares Alves, pastora da Igreja Batista, é a titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos desde o começo da gestão, em 2019.

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