Na reunião da qual trata a ata, o Copom fez um novo corte da taxa básica de juros da economia brasileira, de 2,25% ao ano para a mínima histórica de 2% ao ano.
Os economistas do mercado financeiro estimam uma retração de 5,62% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, ao mesmo tempo em que o Ministério da Economia projeta um tombo de 4,7% para a economia em 2020.
“Com relação à economia internacional, os dados já disponíveis para o PIB do segundo trimestre não surpreenderam, mas evidenciaram que a profundidade da atual retração econômica só é comparável a da Grande Depressão [de 1929]”, acrescentou a instituição.
De acordo com o BC, há “alguns sinais promissores de recuperação” que, porém, se mostra incompleta.
O BC reiterou que manter o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável do PIB.
“O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, acrescentou.
Cautela
O Banco Central também informou que, em sua visão, o País já estaria próximo do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam gerar instabilidade nos preços de ativos (alta do dólar, por exemplo). Assim, a instituição indicou cautela sobre a possibilidade de novos cortes.
“O Comitê concluiu que eventuais novas reduções na taxa de juros exigiriam cautela e gradualismo adicionais. Para tal, se necessárias, novas reduções de juros demandariam maior clareza sobre a atividade e inflação prospectivas e poderiam ser temporalmente espaçadas”, informou a instituição.
O mercado financeiro estima que taxa básica de juros permaneça no atual patamar de 2% ao ano até setembro do ano que vem, quando voltaria a subir, terminando 2021 em 3% ao ano.
O Copom também considerou a utilização de uma chamada “prescrição futura” (forward guidance) como instrumento de política monetária adicional, ou seja, de definição da taxa de juros para controle da inflação – considerando as metas prefixadas.
O comitê avaliou que países emergentes são mais suscetíveis ao contágio de crises externas e que, por isso, o uso de tal instrumento torna-se “mais desafiador”.
“Para adequar a prescrição futura ao dinamismo dos limites impostos por questões prudenciais, o Comitê ponderou que ele deveria ter uma intenção de política assimétrica, em que, satisfeitas as condições necessárias, o Copom não elevaria a taxa de juros, mas poderia reduzi-la”, informou.
O colegiado diz ainda que um eventual novo corte de juros estaria condicionado às expectativas de inflação e à manutenção do regime fiscal (controle das contas públicas).