Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2020
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro ironizou na quarta-feira (1º) o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no que diz respeito ao combate à corrupção. O ex-juiz da Operação Lava-Jato disse ter sido usado no início da atual gestão como atestado de compromisso com a pauta, mas que o governo ainda precisa “mostrar serviço”, segundo informações da CNN Brasil.
“Espero que minha saída funcione como estímulo ao planalto para avançar nessa pauta porque vai ter que mostrar serviço. Não é só falar ‘sou contra a corrupção, Moro está aqui’, tem que mostrar trabalho”, afirmou o ex-ministro da Justiça, que participou de uma live promovida pelo Instituto Não Aceito Corrupção.
Sérgio Moro pediu demissão do governo em 24 de abril, quando acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter a intenção de interferir politicamente na Polícia Federal. Na manhã daquele mesmo dia, Bolsonaro havia exonerado o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. O tema está sendo analisado em um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF).
Moro disse que práticas erradas cometidas repetidamente acabam normalizando um crime, como no caso do caixa 2, e que quando chegou ao governo acreditava em grandes reformas eleitorais para coibir esses e outros delitos no atual mandato, mas isso não se confirmou.
Afirmou ainda que a aprovação parcial do projeto anticrime trouxe avanços, mas não todos que considerava desejáveis para diminuir as infrações. Para ele, faltou apoio de boa parte do Congresso e do próprio governo federal.
Na entrevista, o ex-ministro colocou o tema que considera ser um dos mais importantes a serem debatidos pelo Congresso, que são as propostas que restabelecem a prisão após condenação em segunda instância no Brasil. Ele classificou como “péssima” a mudança de entendimento do STF, que definiu que o cumprimento da pena deva ocorrer apenas ao final do processo.
Inquérito prorrogado
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou na quarta-feira (1º) a prorrogação, por mais 30 dias, do Inquérito (INQ) 4831, que investiga declarações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro acerca de suposta tentativa do presidente Jair Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal. A dilação do prazo, requerida pela Polícia Federal, leva em conta a iminência do encerramento do prazo anteriormente deferido e visa assegurar a realização de diligências investigatórias ainda pendentes ou que eventualmente sejam necessárias para apuração dos fatos. As informações são da CNN Brasil e do STF.