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Lenio Streck O governo Bolsonaro concorda com seu secretário da cultura goebbeliano?

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O secretário da cultura do governo federal, Roberto Alvim, é candidato forte ao Ig-Nobil. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

De tédio ninguém morre no Brasil. A cada dia tem uma notícia mais bizarra. Declarações absurdas. Não preciso fazer uma rememoração dos absurdos já ditos por integrantes do governo Bolsonaro. Só Damares já dá mais de um prêmio Ig-Nobil. Vamos todos para Isto-Kolmo receber o prêmio.

Até a hora em que fecho esta coluna, o secretário da cultura do governo federal, Roberto Alvim, é candidato forte ao Ig-Nobil (é que pode aparecer outro…!).

Querendo ser ideólogo ou algo assim, o secretário saiu do armário e assumiu o seu lado nazista, o que, dependendo da reação do governo, pode contaminar o establishment bolsonariano.

Alvim diz em vídeo oficial, com fundo musical e tudo, que “a arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”.

O trecho é esculpido em carrara (ou cuspido e escarrado) de um discurso de Joseph Goebbels em 8 de maio de 1933, em Berlim. “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada.”  O ministro da propaganda nazista falava, então, para diretores de teatro.

Pronto. O secretário quis agradar setores conservadores e pisou feio. Mas o secretário se defendeu. Disse que isso é intriga da esquerda. Bom, toda pessoa que critica o governo Bolsonaro é taxada de esquerdista.

Neste caso, na verdade, ocorre uma confusão que chega a ser engraçada. Como integrantes do governo já disseram que o nazismo era de esquerda, como fica a citação de Goebbels? Trágico, se não fosse burrice.

Assim, façamos um raciocínio lógico-sarcástico: Se o nazismo é de esquerda e Goebbels era nazista e se o secretário plagiou o nazista, então a conclusão lógica é a de que o governo elogia um esquerdista. Se esta coluna fosse via whatsapp, haveria muito potássio na sequencia da frase acima (kkkkkk! Ou rá, rá, rá).

Leiamos o que disse o secretário em sua defesa (ipsis literis): UM BREVE ESCLARECIMENTO SOBRE MEU DISCURSO – o que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota: com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o PRÊMIO NACIONAL DAS ARTES, que vai redefinir a Cultura brasileira… é típico dessa corja. repito: foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica. eu não citei ninguém. (…)”.

Hum, hum. De fato, não citou ninguém. Além do discurso nazista, o secretário plagiou Goebbels. Sem falar nas besteiras constantes na fala. E olha que teve produção. Teve telepromter. Nem dá para se defender dizendo “foi no improviso”.

Interessante é que o secretário recebeu bastante apoio nas neocavernas das redes sociais. Tem gente que apoia o nazismo. De fato, as redes sociais se transformaram em células terroristas de IA – ignorância artificial.

Cada dia Umberto Eco tem mais razão: as redes sociais deram voz aos néscios de todos os gêneros.

Que coisa. Isso envergonha o Brasil. Será que o secretário permanecerá no cargo?

 

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https://www.osul.com.br/o-governo-bolsonaro-concorda-com-seu-secretario-da-cultura-goebbeliano/ O governo Bolsonaro concorda com seu secretário da cultura goebbeliano? 2020-01-18
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