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Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2019
Nessa quinta-feira, o governo de Cuba afirmou que tropas dos Estados Unidos se deslocam secretamente pela região do Caribe, a fim de preparar uma “agressão militar disfarçada de intervenção humanitária” contra a Venezuela.
Segundo representantes de Havana, houve movimentos de forças de operação especiais” envolvendo escalas em aeroportos de Porto Rico, República Dominicana e outras ilhas, “provavelmente sem o conhecimento dos respectivos governos”.
“Continua a preparação de uma aventura militar contra Caracas, sob pretexto humanitário”, ressaltou um representante do Ministério das Relações Exteriores cubano em mensagem no Twitter, intitulada “Declaração do Governo Revolucionário”. Ainda segundo o membro da diplomacia, os recentes acontecimentos no país sulamericano “não passam de uma tentativa de golpe que até agora fracassou”.
Cuba tem sido um aliado-chave para o governo chavista desde o início da chamada “Revolução Bolivariana”, sob o comando do então presidente Hugo Chávez, em 1998.
Detalhes
No mesmo comunicado, a Chancelaria cubana disse que o deslocamento de tropas ocorreu entre a quarta-feira da semana passada e domingo, em “voos de aviões de transporte militar até o aeroporto Rafael Miranda de Porto Rico, a Base Aérea de San Isidro na República Dominicana e outras ilhas do Caribe estrategicamente localizadas”.
As decolagens teriam sido realizadas em bases militares norte-americanas onde operam “unidades de forças de operações especiais e da infantaria da Marinha, utilizadas para ações encobertas, inclusive contra líderes de outros países”.
Para Havana, Washington busca “retirar do povo da Venezuela a primeira reserva de petróleo do planeta e outros substanciais e recursos naturais estratégicos”. Esse pressuposto inclui a acusação de que fontes políticas e jornalísticas revelaram “o envolvimento direto de figuras extremistas dos Estados Unidos na organização da tentativa de golpe de Estado na Venezuela mediante a ilegal autoproclamação de um presidente.
O texto se refere ao líder opositor Juan Guaidó, que se autodeclarou “presidente interino” da Venezuela durante os protestos de 23 de janeiro contra o governo de Nicolás Maduro. Ele foi reconhecido por 48 países como governante legítimo – o primeiro a apoiá-lo foram os Estados Unidos.
Maduro, por sua vez, conta com o apoio de Rússia, China e Turquia, seus principais credores, para resistir ao sufocamento da economia e à pressão diplomática. Washington tem intensificado as pressões para que o líder chavista deixe o poder, em prol de um governo de transição liderado por Guaidó.
Esses e outros fatos, como as sanções econômicas norte-americanas sobre o regime de Caracas são vistos por Cuba como uma atitude que causam danos muito mais amplos do que a própria ajuda que os Estados Unidos e outros países querem fornecer ao país.
Um carregamento de alimentos e medicamentos enviado pelos Estados Unidos está armazenado desde 7 de fevereiro em um estoque na cidade fronteiriça de Cúcuta, na Colômbia, bloqueada por militares venezuelanos.
O presidente norte-americano Donald Trump afirma que Maduro comete um “erro terrível” ao impedir a entrada da ajuda internacional que Guaidó prometeu fazer entrar “de qualquer maneira” no próximo dia 23, como forma de atenuar o desabastecimento de produtos na Venezuela.
Já Nicolás Maduro nega que haja “emergência humanitária” e também atribui o desabastecimento às sanções econômicas impostas por Washington. O líder venezuelano rechaça a assistência internacional, que vê como porta para uma intervenção militar contra o seu governo, que ainda conta, internamente, com o apoio das forças militares venezuelanas.