Segunda-feira, 06 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de maio de 2020
Mais de 60 frigoríficos em 11 Estados do país estão na mira do Ministério Público do Trabalho (MPT), que vai avaliar as condições de trabalho nestes locais durante a pandemia do novo coronavírus. O levantamento dos números foi feito a pedido do portal de notícias G1.
Considerado serviço essencial, o setor de carnes não parou as atividades em meio às medidas de isolamento social impostas por Estados e municípios e costuma ter aglomeração de pessoas na linha de produção. Com isso, há a preocupação de que a Covid-19 possa se espalhar entre esses profissionais.
A continuidade da produção de alimentos foi um pedido do Ministério da Agricultura ao governo para que o abastecimento do país não fosse comprometido, bem como as exportações do setor, que trazem bilhões de dólares para o país.
Nos Estados Unidos, os frigoríficos se tornaram um dos focos da doença. Cerca de 20 unidades do país tiveram de paralisar suas operações, o que fez o presidente Donald Trump acionar uma lei de guerra para que as empresas voltassem a funcionar.
Segundo apuração do G1, pelo menos 17 frigoríficos tiveram funcionários que testaram positivo para o coronavírus, porém não é possível afirmar se eles se contaminaram dentro dessas empresas. Também não se pode dizer se essas unidades são as mesmas investigadas pelo MPT, porque partes das investigações são sigilosas.
“Há uma imensa preocupação do MPT com os trabalhadores de frigoríficos diante das características científicas evidenciadas da forma do contágio e da realidade de como é exercido o trabalho no setor”, explica o procurador Lincoln Cordeiro.
A preocupação dos procuradores deve-se ao fato de que centenas de trabalhadores dessas empresas costumam ficar aglomerados nas linhas de produção e em outros ambientes da unidade, o que facilitaria a propagação da doença no caso de haver alguém contaminado.
O MPT vai avaliar 61 unidades de processamento de bovinos, aves e suínos – elas não tiveram seus nomes divulgados, por conta do sigilo das ações. O número de unidades inspecionadas pelos procuradores equivale a 13,7% dos 446 frigoríficos que existem no país, segundo dados do Ministério da Agricultura.
São 145 procedimentos – surgidos a partir de denúncias ou de iniciativa dos próprios procuradores – que envolvem inquéritos civis, preparação e investigações, dentre outras ações.
O G1 procurou a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) e a Confederação dos Trabalhadores da Alimentação (Contac), que representam os trabalhadores de frigoríficos, mas não obteve resposta até a publicação do texto.
As associações dos frigoríficos do setor afirmaram ao G1 que estão tomando todas as medidas de segurança estabelecidas pelas autoridades de saúde (leia mais abaixo).
Segundo a Procuradoria-Geral do Trabalho (PGT), o MPT irá verificar as condições de trabalho em plantas localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Tocantins, Santa Catarina, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A situação mais grave registrada até agora é no Rio Grande do Sul. Cerca de 16.345 pessoas que trabalham nessas instalações foram potencialmente expostas ao vírus, de acordo com o governo estadual. Há pelo menos 120 casos confirmados da doença entre funcionários de frigoríficos do estado, sendo que ao menos uma pessoa morreu em decorrência da Covid-19, segundo a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul.
Também foram registrados aos menos seis “óbitos secundários” relacionados aos funcionários dos frigoríficos, ou seja, mortes de pessoas que tiveram contato domiciliar com os trabalhadores. As informações são do portal de notícias G1.