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Geral O ministro do Meio Ambiente muda regras de multas ambientais e centraliza decisão sobre acordos com infratores

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Ricardo Salles foi acusado pelo chefe da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, de atuar para favorecer madeireiros ilegais e grileiros de terras. (Foto: Divulgação)

Em mais uma investida para rever as regras sobre multas aplicadas contra crimes ambientais, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, determinou novas mudanças no processo de apuração dessas autuações. Agora, as infrações terão que passar por autorização de um superior do agente de fiscalização que aplicar a punição, antes de serem confirmadas, passando por fases que, até então, incluíam a tramitação anterior com os próprios fiscais.

Hoje há cerca de 130 mil processos de infração ambiental no Ibama, os quais somam aproximadamente R$ 30 bilhões em multas aplicadas por fiscais. A publicação das mudanças ocorre no momento em que Ricardo Salles foi acusado pelo chefe da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, de atuar para favorecer madeireiros ilegais e grileiros de terras. Após a acusação, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, escolheu o delegado Leandro Almada para substituir Alexandre Saraiva no comando no Amazonas. Saraiva afirmou nesta quinta-feira (15), que “não foi comunicado” sobre a troca no comando da superintendência.

As alterações nas regras sobre multas foram publicadas em uma Instrução Normativa Conjunta na quarta-feira (14), assinada por Ricardo Salles e os presidentes do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Fernando Lorencini.

A avaliação de especialistas é de que a nova norma dá mais poder de decisão sobre as multas às “autoridades hierarquicamente superiores”, ignorando procedimentos anteriores que devem ser realizados pelos próprios fiscais. Além disso, prevê prazos mínimos de cinco dias para análises de infrações administrativas, o que praticamente inviabiliza o trabalho, dada a complexidade de muitas autuações.

“A instrução normativa recém-publicada reduz a autonomia dos fiscais sobre a lavratura dos autos e concentra poder em um superior hierárquico não definido. Na prática, todos os atos de fiscalização deverão ser confirmados por uma autoridade hierarquicamente superior antes da instauração do processo sancionador”, avalia a especialista sênior em políticas públicas da organização Observatório do Clima, Suely Araújo.

Ex-presidente do Ibama, Araújo afirma que o texto elimina a atuação da equipe de fiscais e a fase de análise de conformidade jurídica antes da realização de audiência de conciliação com o autuado. Pela nova regra, essa análise será realizada pelos próprios conciliadores, durante a reunião de conciliação, na qual estará presente o infrator.

“Além disso, a instrução normativa estabelece prazos inexequíveis para vários atos. O prazo de cinco dias consta em vários dispositivos. A intenção parece ser, no futuro, punir os próprios servidores, porque o governo sabe que esses prazos não serão cumpridos”, explicou.

De forma geral, a avaliação é de que o texto agrava os problemas do decreto que criou a conciliação ambiental (9.760/2019) e de uma instrução normativa anterior. “As regras do processo sancionador ambiental, que já são objeto de ação no Supremo Tribunal Federal (STF) ficaram ainda mais inviáveis de serem implementadas. Mas a intenção é esta mesmo: o desmonte da política ambiental e de seus instrumentos”, comentou a especialista.

Questionado sobre o assunto, Ricardo Salles negou que as mudanças vão engessar o trabalho dos agentes de fiscalização. “Não é nada disso. Quem faz a confirmação dos atos é o Ditec (diretor técnico ambiental), técnico de carreira do Ibama. Já é assim hoje em dia, porém, sem prazo”, declarou.

A área de infração ambiental do Ibama está praticamente estagnada desde que Salles decidiu interromper os processos para criar uma área de “conciliação” com a finalidade de firmar acordos com os infratores. O Ibama não divulga dados, mas o Estadão apurou que milhares de multas estão prescrevendo todos os dias porque os processos estão paralisados.

Em dezembro do ano passado, Salles escolheu mais um militar para comandar áreas ligadas à pasta, com a nomeação do tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo Wagner Tadeu Matiota. No mês passado, nomeou um advogado de 27 anos, Luciano Leão Machado de Campos, para cuidar dos cerca de cerca de 130 mil processos de infração ambiental, que somam aproximadamente R$ 30 bilhões em multas aplicadas por fiscais do Ibama.

No mês passado, Salles nomeou uma advogada com experiência em anular e questionar multas ambientais para comandar as operações do Ibama no Acre. A nomeação de Helen de Freitas Cavalcante como superintendente do Ibama no Acre foi publicada por Salles no Diário Oficial da União.

O setor de infrações ambientais está entre os mais criticados da gestão ambiental de Salles após a paralisação das multas determinada pelo ministro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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