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Por Redação O Sul | 31 de janeiro de 2019
O Parlamento Europeu reconheceu nesta quinta-feira (31) o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela e pediu para que os países da União Europeia façam o mesmo. A resolução do órgão legislativo do bloco europeu recebeu 439 votos a favor, 104 contra e 88 abstenções. O opositor de Nicolás Maduro se autodeclarou presidente em meio à crise política no país.
A resolução afirma que o Parlamento Europeu reconhece Juan Guaidó como presidente “de acordo com a Constituição da Venezuela” e expressa “apoio absoluto a seu projeto”.
A resolução também pede que a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e os Estados-membros da UE reconheçam Guaidó “até que seja possível convocar novas eleições presidenciais livres, transparentes e críveis para restaurar a democracia” na Venezuela.
“Da Europa, podemos ajudar a mudar o regime venezuelano e fazer entender que tiranos nunca vão conduzir qualquer possibilidade democrática”, declarou o deputado espanhol Esteban Gonzalez Pons, na sede da instituição, na cidade francesa de Estrasburgo.
“É um prazer anunciar que o Parlamento Europeu reconhece Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. É a primeira instituição europeia a fazê-lo, pedimos aos Estados-membros e à Comissão Europeia que façam o mesmo o mais rápido possível para que tenhamos uma posição unificada e forte”, disse no plenário o presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela se autodeclarou presidente interino durante uma manifestação em Caracas, em 23 de janeiro. O objetivo da sua iniciativa, segundo ele, é formar um governo de transição para organizar eleições livres no país, que enfrenta uma grave crise política e econômica.
Até agora, a União Europeia fez um apelo para que sejam organizadas “eleições livres e credíveis” na Venezuela, mas não mencionou a iniciativa de Guaidó, que já foi reconhecida por vários países, entre eles, os Estados Unidos e o Brasil. Na quarta-feira, os senadores dos Estados Unidos também pediram à UE que reconheça Guaidó.
Nicolás Maduro, que se diz alvo de um golpe impulsionado pelos americanos, disse que está disposto a conversar com a oposição e mostrou-se favorável à organização de eleições legislativas antecipadas para superar a crise. No entanto, ele resiste à ideia de uma nova eleição presidencial.
“Não aceitamos ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos a chantagem. As eleições presidenciais aconteceram na Venezuela e se os imperialistas querem novas eleições que esperem até 2025”, afirmou Maduro, fazendo referência à União Europeia.
No sábado (26), os governos de Alemanha, Espanha e França anunciaram que reconhecerão Guaidó como presidente interino caso o país não convoque eleições “justas e livres” em 8 dias – prazo que vence no domingo (2).
Sanções americanas
O autoproclamado presidente interino deve apresentar nesta quinta-feira (31) o seu plano para enfrentar o colapso econômico e social do país, que sofre com a escassez de alimentos e de remédios e com uma hiperinflação que o FMI projeta para 10.000.000% este ano.
Determinados a sufocar economicamente o governo de Maduro, os Estados Unidos congelaram contas e ativos da estatal petrolífera PDVSA – fonte de 96% das receitas do país.
Onda de protestos
Na quarta-feira, em um novo dia de protestos, a oposição saiu às ruas em Caracas e várias cidades no interior do país para exigir a saída de Nicolás Maduro. Autoproclamado presidente interino, o líder opositor Juan Guaidó comandou mobilização, que pedia também para que as forças armadas do país não reconheçam mais o comando do líder chavista.
Ele declarou em artigo publicado pelo jornal americano “The New York Times” que teve reuniões clandestinas com integrantes das forças armadas e ofereceu anistia para todos que não têm acusações de crimes contra a humanidade.
Nos últimos dias, jornalistas de diferentes nacionalidades que foram presos no país. Entre eles, estão dois franceses, dois colombianos e um espanhol.
Desde o início da atual onda de protestos, que começou em 21 de janeiro com a rebelião de um grupo de militares, mais de 850 pessoas foram presas e mais de 40 pessoas morreram, segundo estimativa da ONU.