Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2017
Engajado na nova mobilização do governo federal para tentar aprovar a reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), organizou na manhã desta quinta-feira (09) um café da manhã em sua residência oficial para voltar a discutir com o presidente Michel Temer, ministros e deputados a elaboração de uma versão enxuta da proposta que altera as regras previdenciárias.
Após provocar uma instabilidade no mercado por conta da sinalização do início da semana de que havia “jogado a toalha” em relação à reforma, Temer voltou a articular na quarta-feira (08) a aprovação do pacote de mudanças previdenciárias. Em um mesmo dia, o presidente da República coordenou duas reuniões com aliados e auxiliares para tratar do assunto.
O café da manhã desta quinta é mais um desdobramento desse esforço do Palácio do Planalto para evitar o sepultamento da reforma, tratada no início do mandato de Temer como uma das prioridades da gestão peemedebista. O presidente da República chegou à residência oficial da Câmara por volta das 8h55min. Naquele momento, já o aguardavam na casa de Rodrigo Maia, entre outros, os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e o relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA).
Na quarta-feira, Arthur Maia declarou que está disposto a modificar o texto para o projeto ser aprovado, mas ressaltou que não abrirá mão da idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres para aposentadoria. O relator também disse esperar que o tema seja votado no plenário da Câmara até 15 de dezembro.
A novela da reforma
A reforma foi enviada por Temer ao Congresso em dezembro do ano passado e, em maio, a comissão especial que discutiu o tema aprovou o relatório de Arthur Maia. No entanto, no mesmo mês, a revelação do conteúdo das delações premiadas dos executivos do grupo J&F travou a tramitação da reforma na Câmara.
Desgastado e acuado pelas denúncias dos irmãos Batista, Temer perdeu força no Parlamento e teve que concentrar energias e recursos para se manter à frente do Palácio do Planalto. Além disso, a aproximação do ano eleitoral intensificou a falta de comprometimento dos parlamentares governistas com a proposta que altera as regras previdenciárias, tema espinhoso para defender em uma campanha eleitoral.
Sem dinheiro em caixa para atrair votos e sob ameaça de motim dos deputados do chamado Centrão por conta do espaço do PSDB no primeiro escalão, Temer deu uma declaração polêmica na última segunda-feira (06), durante uma reunião com líderes governistas no Planalto. Com o mapa de votos em mãos, o presidente da República afirmou aos aliados, em tom de desabafo, que se a sociedade e o Congresso não quiserem aprovar a reforma, “paciência”.
Impacto no mercado
A declaração de Temer foi interpretada por governistas como um gesto de que o presidente havia “jogado a toalha” em relação à reforma. Na última terça-feira (07), o peemedebista chegou a admitir que, “sozinho”, não conseguiria aprovar as alterações previdenciárias.
Ao final daquele dia, sob o reflexo de declarações dúbias de Temer e de integrantes do palácio, o mercado reagiu negativamente. O dólar subiu, e a Bolsa de Valores caiu. Preocupado com o impacto no mercado, Temer divulgou ainda na terça-feira um vídeo afirmando que tem “toda a energia” voltada para a reforma da Previdência. No dia seguinte à divulgação do vídeo no qual o presidente disse que estava empenhado na negociação do tema, o dólar abriu o dia em queda.