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Brasil O presidente do Banco do Brasil está convencido de que é preciso privatizar a instituição. Mas confessa estar frustrado por não ver condições políticas

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Presidente da instituição afirma que crises "atiçam os piores instintos intervencionistas". (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, está convencido de que é preciso privatizar a instituição. Mas confessa estar frustrado por não ver condições políticas. O presidente Jair Bolsonaro é contra.

Para Novaes, o banco tem apenas desvantagens por ser estatal. Ao jornal O Globo, ele critica a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de suspender anúncios do banco em site acusado de publicar fake news.

1) O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o banco está pronto para ser privatizado. As ações subiram. O mercado comprou essa possibilidade?

(A reação) não foi porque o mercado achou que o banco ia ser privatizado agora. O mercado reagiu bem quando o Paulo falou que o banco não obedecia ordens do governo.

2) O senhor se sente frustrado por não conseguir vender o BB?

Sinto. Mas não porque eu seja liberal, porque seja um dogma filosófico. É porque estou convencido de que seria o melhor caminho para o Banco do Brasil, para que ele possa se adaptar aos novos tempos da atividade bancária.

3) Em um eventual segundo mandato, o BB será privatizado?

Bolsonaro falou isso na reunião, que a privatização do BB vai ser só a partir de 2023. O presidente entende que hoje você não reúne condições de apoio político para fazer a privatização. Ele entende que o Congresso não está pronto para apoiar a privatização. O problema é que o BB perdeu todos os bônus de ser público e ficou só com o ônus de ser público.

4) Como assim?

Ele (o banco) tinha a folha de pagamento de todo o setor público, a administração dos depósitos judiciais e, de repente, isso tudo é (definido por meio de) concorrência, e você tem que pagar caro para ter. Aí, ficou só o lado travado. Tem que fazer concurso público, não tem a mesma facilidade de contratar, de demitir quem é mau funcionário. A porta de entrada do BB é concurso para escriturário, que não demanda conhecimento tecnológico. Se for pensar no banco do futuro, que será fundamentalmente tecnológico, você tem que mudar a porta de entrada no BB. Isso é difícil de se fazer na estrutura do setor público.

5) O governo anunciou medidas para liberar crédito, mas os bancos não emprestam. O que está havendo?

O Banco Central tem mostrado que o crédito aumentou. O problema é que a demanda cresceu tanto que dá essa sensação de empoçamento, porque as pessoas não conseguem ser atendidas, as suas necessidades não são solucionadas.

6) Em março, o BB anunciou linhas de crédito contra a crise. Quanto já emprestou?

Em crédito novo e prorrogações foram R$ 129 bilhões, desde 16 de março. Do total, R$ 60,7 bilhões foram desembolsos de novos recursos e R$ 68,4 bilhões, renovações para empresas e pessoas físicas.

7) Ser um banco misto dificulta administrar a instituição?

Em alguns momentos, o banco foi pressionado para atender a objetivos políticos. De certa forma, ainda existem pessoas que imaginam que isso possa ser possível. E isso não é mais possível. A gente tem procurado deixar o banco fora disso, não só em termos de cargos, como em direcionamento de política de crédito.

8) Mas existe pressão para atender a pedidos políticos?

Não tem… O Paulo (Guedes) falou aquilo no vídeo (na reunião ministerial de abril, o ministro disse que o banco fica dividido entre atender acionistas e o governo)… Mas ele nunca me pediu nada porque sabe que, por ser empresa de capital aberto, o banco não pode se prestar a certas coisas que podem ser do interesse momentâneo do governo, mas não interessam ao banco.

9) O que acha da prorrogação do auxílio emergencial?

A gente tem que passar a régua, não deixar nada acontecer a partir de 31 de dezembro. Não deve ter nenhum programa que deixe qualquer rabicho para o ano que vem.

10) Essa crise desafia a cartilha liberal, focada na austeridade dos gastos públicos?

As crises atiçam os piores instintos intervencionistas. Quando você cria aquela parafernália de programas, eles se estendem indefinidamente no tempo. E, aí, você passa a ter um país muito mais intervencionista do que você tinha antes. Mesmo que o problema desapareça depois, você fica com uma herança institucional muito ruim da crise.

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