Sábado, 01 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de junho de 2020
O presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social), Gustavo Montezano, disse nesta terça-feira (16) que a instituição tem mais recursos para “colocar na economia” caso a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus se prolongue. Ele falou sobre o assunto em uma audiência pública, por videoconferência, na comissão mista do Congresso Nacional que acompanha as medidas do governo federal para o enfrentamento dos efeitos da Covid-19.
Em resposta a um questionamento do relator da comissão, deputado Francisco Jr. (PSD-GO), Montezano apontou que o BNDES tem capacidade de conceder mais empréstimos, mas esbarra no tempo de execução.
“Em termos de capacidade operacional, o banco tem sim capacidade de fazer mais coisas. O nosso grande desafio neste momento é o tempo de execução, porque as coisas acontecem num prazo tão rápido e tudo é tão emergencial que o desafio é colocar um montante desse tamanho na velocidade e na qualidade que o setor público, regulação, órgãos de controle e legislação nos exigem e têm que ser cumpridos”, explicou.
Preocupação recorrente de deputados e senadores, a dificuldade de pequenas, médias e microempresas acessarem crédito durante a crise foi o tema principal dos questionamentos dirigidos ao presidente do BNDES durante a audiência.
Esperidião Amin (PP-SC), Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Wellington fagundes (PR-MT) foram alguns dos senadores que abordaram o tema. Para Amin, grandes bancos e instituições financeiras precisam ter “humildade” para conversar com quem entende de microcrédito.
“O que eu gostaria de sugerir ao senhor e aos demais dirigentes de instituições financeiras é que, dentro dessa humildade, se dispusessem a conversar com os que entendem de microcrédito. Estão faltando instrumentos, e esses instrumentos são: sociedades garantidoras de crédito, Oscips [organizações da sociedade civil de interesse público] de microcrédito, crédito cooperativo, chamar as fintechs [bancos virtuais], enfim, gente que possa formar subfundos garantidores. Os grandes fundos garantidores, a Medida Provisória 975 adotou, mas a capilaridade para chegar à torneira vai precisar que nós transformemos esse exercício de humildade em práticas. Esse é o meu apelo”, disse o senador.
Eliziane Gama (Cidadania-MA) apontou “uma grande dificuldade pela rigidez das exigências que são apresentadas quanto às garantias reais e pessoais desses tomadores”. Wellington Fagundes (PR-MT) reforçou: “A reclamação de todos que estamos aqui na ponta é que os recursos não estão chegando aqui, que os pequenos e médios comerciantes e empresários não estão conseguindo ter acesso ao banco. No banco, como muitos dizem, para pegar a prata, está sendo exigindo o ouro, ou seja, querem primeiro uma garantia de 140%”, apontou o senador.
Montezano afirmou que os empréstimos cresceram 2% em dois meses, mas reconheceu que o crédito não chega a algumas empresas e que a pandemia deixou mais “latente” o problema da restrição de crédito.
“A gente viu uma demanda de crédito por empresas que não tinham hábito, não tinham canais de crédito, nunca precisaram de crédito e passaram a precisar. A verdade é que o crédito sempre foi restrito para elas e nesse momento de pandemia isso fica mais latente e mais claro ainda. O governo, o Tesouro, está assumindo o risco ele mesmo das operações. Então, o Tesouro colocou R$ 16 bilhões no Pronamp [Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural], R$ 20 bilhões no Programa Emergencial de Acesso a Crédito e colocou R$ 34 bilhões no Programa Emergencial de Suporte a Empregos, de manutenção de emprego. Então, quando você soma 34, mais 17 e mais 20, estamos falando de R$ 71 bilhões que o governo disponibiliza de orçamento para o crédito chegar na ponta de pequena e média empresa, assumindo o risco”, avaliou. As informações são da Agência Senado.