Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de dezembro de 2018
O novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse na terça-feira (4) que enviará ao Senado um projeto de lei para retirar a imunidade do cargo de presidente da Republica. A mudança foi uma de suas promessas de campanha. Segundo a Constituição mexicana, o presidente só pode ser acusado de traição e de alguns crimes graves.
“A impunidade estabelecida na Constituição vai acabar. O presidente poderá ser julgado como qualquer outro cidadão”, acrescentou Obrador, conhecido pela sigla AMLO, em uma coletiva de imprensa.
AMLO tem buscado se distanciar de seus antecessores com medidas como abrir ao público a residência presidencial de Los Pinos, onde ele disse que não irá morar, e vender o avião presidencial.
O novo líder também defendeu reduzir os salários dos funcionários públicos. No México, a lei determina que ninguém pode ganhar mais do que o presidente da República, cujo salário é de 108 mil pesos (cerca de R$ 20 mil). No entanto, membros do Poder Judiciário criaram mecanismos para ganhar acima desse teto.
“Acredito que houve uma mudança e uma política de austeridade será aplicada”, disse o presidente.
“Há desonestidade quando um funcionário público aceita receber até 600 mil pesos (cerca de R$ 112 mil) mensais. Isso é corrupção. Em um país com tanta pobreza, se um funcionário público quer ganhar assim, é um ato de desonestidade”, acrescentou.
Novo governo do México abre residência presidencial para o público após 84 anos
“No presidente ninguém toca!”
A frase, estampada em uma das paredes do suntuoso complexo Los Pinos, chamou a atenção dos visitantes que, pela primeira vez, puderam circular livremente pela residência oficial dos presidentes mexicanos, no sábado (1º).
Em decisão carregada de simbolismo, a abertura do local ao público, às 10h, coincidiu com o início da cerimônia de posse do esquerdista Andrés Manuel López Obrador. No discurso, prometeu combater a corrupção e cortar privilégios de altos funcionários, incluindo reduzir seu próprio salário em 60% e colocar o avião presidencial à venda.
Los Pinos funcionava como residência oficial desde 1934, mas López Obrador decidiu continuar morando em sua própria casa e transformar o espaço de 56 mil metros quadrados em espaço cultural. A partir de agora, os aposentos presidenciais, edificações históricas, incluindo um prédio do século 16, e o amplo jardim terão acesso livre e gratuito.
O primeiro dia de visita, no entanto, teve pouca presença do público, contrariando as expectativas. Até 1 hora antes da abertura do portão, havia apenas jornalistas no local.
A frase, acompanhada de uma placa comemorativa, foi inaugurada em 2013. Trata-se de uma homenagem a dois militares que, em 1913, salvaram o então presidente Francisco Madero de um ataque armado.
O contexto histórico, no entanto, mudou, e o brado foi lido pelos visitantes como símbolo dos privilégios dos antecessores de López Obrador, muitos deles envolvidos em escândalos de corrupção.
“Ninguém conhecia essa frase. Vai contra a lei, a moral e a religião. AMLO não compartilha dela”, disse o administrador Mario Medina, 57, referindo-se ao novo presidente pelas iniciais do seu nome.
“É como dizer que eram intocáveis, é muita imposição”, disse o assessor parlamentar Rutilo Rosas, 48, empunhando bandeiras do México e do Morena, o partido governista. “Não é correto, AMLO vai acabar com isso.”