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Carlos Roberto Schwartsmann O sacerdócio na medicina acabou!

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Maior congresso de oncologia do mundo apresentou estudos e avanços no combate à doença. (Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A história da medicina, imprecisa, começou há milhares de anos com os Hindus, Egípcios, Babilônios e Gregos. Nas suas raízes sempre houve magia e religião. Os primeiros médicos eram encarados como sacerdotes divinos. Os deuses credenciavam aqueles homens a arte de curar.

Na verdade, eles eram sacerdotes e filósofos. O maior exemplo desta realidade era o Grego Hipócrates, considerado o pai da medicina.

A filosofia perdeu o espaço para as normas cientificas, mas a cultura do sacerdotismo continuou impregnada ao ato médico até recentemente.

A carreira de estudos do médico é a mais longa de todas. A faculdade de medicina no Brasil dura 6 anos em período integral. Nos dois primeiros anos aprendemos disciplinas elementares: Anatomia e fisiologia.

No terceiro e quarto ano, já em contato supérfluo com o paciente, aprendemos especialidades básicas clinicas e cirúrgicas.

Nos dois últimos anos, no internato, nos hospitais, aprendemos, com contato íntimo como lidar e tratar os pacientes. Dependendo da especialidade, a residência médica pode durar de 3 a 5 anos. Para finalizar o mestrado e doutorado são necessários no mínimo mais 4 anos.

No total são 14 anos de estudo! Nas universidades federais para se tornar pesquisador ou professor é a exigência mínima necessária.

No passado recente, até 1970, após o ensino de 2º grau, o aluno podia escolher entre o clássico e o cientifico. Os médicos pertenciam ao 2º grupo.

Era consenso que era difícil passar no vestibular de medicina. O candidato deveria ter elevado QI e ser muito estudioso.

Entretanto para ser um bom médico ainda era necessário ser talentoso, disciplinado, dedicado e ainda saber lidar e gostar de gente!

Infelizmente tudo isso acabou! Qualquer um pode se tornar médico no Brasil. Basta apenas ter dinheiro para pagar uma das 231 faculdades de medicina privadas.

As mensalidades variam de 8 a 15 mil reais e não é necessário nem fazer vestibular. Virou um fantástico negócio de 12 bilhões. Após moratória de cinco anos, que proibia a abertura de novas faculdades de medicina, já foram concedidas aproximadamente 200 liminares para abertura de novos cursos.

No dia 06/04/2023 portaria do MEC determinou abertura de novas vagas de cursos de medicina por meio de “chamamentos públicos”.

Infelizmente também para o descrédito da medicina brasileira, o perfil, a qualificação e a formação do candidato a médico piorou bastante.

Isto decorreu devido a principalmente a três fatores:

A desintegração da educação caseira e familiar. A deficiente educação escolar básica que atingiu índices vergonhosos e constrangedores. E o terceiro: A perda do comprometimento do jovem médico com a arte da medicina.

Na filosofia de vida dos jovens de hoje há mais direitos que deveres.

Esqueceram que na medicina é necessário entrega, determinação e devotamento. A cura e o bem-estar do paciente são as metas a serem atingidas. A qualquer hora e a qualquer custo!

Hoje os alunos de medicina fazem coisas impensáveis tempos atrás.

O juramento de Hipócrates diz: “Amarei meus mestres como meus próprios pais” Hoje, ambos são desacatados e desrespeitados. Incompreensivelmente faltam as aulas!

Frequentemente estão olhando o celular ou trocando mensagens. Cumprem apenas o currículo básico. Se afastaram dos estágios extracurriculares. Hoje até o inimaginável abandono da residência ocorre, pois consideram que o aprendizado em tempo integral é um trabalho escravo.

Por isso estamos muito incertos a respeito da medicina do futuro. A única certeza, e de maneira irreversível, é que o sacerdócio na medicina acabou!!

Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor universitário

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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