Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de março de 2020
Passado o escrutínio em suas operações financeiras, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá que abrir uma segunda caixa-preta. O banco estatal foi obrigado a tornar públicas informações que, por mais de seis anos, batalhou na Justiça para manter sob sigilo.
O Supremo determinou que o banco divulgue as remunerações de todos os seus empregados, não só dos diretores. A briga nos tribunais começou em 2013, com uma ação civil pública do Ministério Público. O BNDES afirma que a mudança ocorrerá a partir de abril.
Mesmo sob nova direção, que assumiu com discurso de fazer uma devassa interna, o banco seguiu tentando manter os dados reservados. Segundo o BNDES, revelar os salários daria munição a concorrentes para aliciar seus funcionários, gerando aumento da rotatividade.
A remuneração do banco entrou na berlinda quando veio à tona o pagamento de elevados prêmios e participação nos lucros, apesar de muitas operações não terem tido êxito. O Brasil tomou calote de Venezuela, Cuba e Moçambique em empréstimos concedidos pela instituição a obras de construtoras como a Odebrecht.
A primeira caixa-preta do BNDES, que analisou as operações financeiras do banco durante os últimos anos, sobretudo durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, mostrou-se pouco ou nada eficaz e representou gasto de dinheiro público, embora o governo de Jair Bolsonaro tenha apresentado a abertura das contas e transações do BNDES como algo prioritário.
Passada a busca por supostas fraudes nas operações financeiras, até mesmo o presidente do banco, Gustavo Montezano , admitiu que não havia “caixa-preta” no BNDES.
Montezano, o chefe do BNDES, tem remuneração mensal de R$ 80,8 mil, mais do que o dobro do teto do funcionalismo federal, que é definido pela remuneração dos ministros do STF, R$ 39.293. O banco teme que a quebra do sigilo dos salários dos funcionários abra as portas para que outros bancos aliciem seus funcionários.
Linha de crédito
O BNDES aprovou, na última semana, alterações no limite da BNDES Crédito Pequenas Empresas, que ampliou o montante para R$ 10 milhões/ano.
O novo limite permite que os clientes com Receita Operacional Bruta anual de até R$ 90 milhões tenham acesso a linha e, a cada 12 meses, oferece até 10 milhões de reais por beneficiário.
O objetivo, segundo o banco, é aumentar o número de empresas de menor porte que acessam as linhas de crédito, com potencial de auxiliar a geração de empregos e o desenvolvimento da economia.