Terça-feira, 28 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2015
Um censo de galáxias localizadas em um raio de 2,5 bilhões de anos-luz constata: o Universo está em um processo de morte lenta, um gradual apagar das luzes. Os resultados sugerem que, há 2 bilhões de anos, a quantidade de energia produzida pela soma de todas as estrelas nas galáxias era aproximadamente o dobro da atual. Isso quer dizer que o auge da formação de estrelas já aconteceu. Hoje, nascem cada vez menos desses astros, e morrem cada vez mais deles.
As medidas, baseadas em um estudo de cerca de 221 mil galáxias, fazem parte do projeto internacional Gama (sigla para “composição de galáxias e massa”), comandado por Simon Driver, da Universidade da Austrália Ocidental. O resultado foi apresentado durante reunião da União Astronômica Internacional, em Honolulu, no Havaí (EUA).
Modelos que descrevem a origem e a evolução do Cosmos já previam que o pico de formação de estrelas teria passado e que agora estaríamos em uma fase de arrefecimento. Havia evidências de que esse fosse o caso desde a década de 1990, mas o Gama é o estudo mais amplo já feito.
Além da amostra de galáxias, o projeto cobriu uma vasta extensão do espectro eletromagnético – em infravermelho e ultravioleta. A iniciativa usou telescópios do Observatório Europeu do Sul, no Chile, e de dados dos satélites da Nasa (agência espacial americana) e da Esa (agência espacial europeia).
Primeiro estágio.
Ao que tudo indica, esse é o primeiro estágio da degenerescência do Universo, em que ele vai se resfriando e se diluindo, impulsionado pela aceleração da expansão e pelo esgotamento da matéria-prima para a fabricação de estrelas. “O Universo basicamente se sentou no sofá, puxou as cobertas e está prestes a entrar em um cochilo eterno”, afirma Driver.
O processo, contudo, é lento. A fase ativa do Universo ainda deve durar muitos bilhões de anos, e depois disso, as estrelas mais longevas viverão por 1 trilhão de anos até que só restem os resquícios das glórias de outrora.
E isso só se a misteriosa energia escura – que ninguém sabe o que é – continuar agindo para acelerar a expansão do Universo. Caso ela mude de comportamento, o Cosmos pode até se contrair e terminar em um Big Crunch (Grande Esmagamento), um Big Bang às avessas. Enquanto o mistério da energia escura não for desvendado, não há como ter certeza do que vai acontecer. (Salvador Nogueira/Folhapress)