Sexta-feira, 04 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2024
Reconhecer que o orgasmo conjunto não é o único destino durante o sexo pode ajudar os casais a saírem do impasse.
Foto: ReproduçãoCasais preocupados com libidos “desiguais”. Pessoas com dificuldades para alcançar o orgasmo. Amantes se perguntando se estão tendo uma quantidade “normal” de sexo.
Terapeutas sexuais, educadores e pesquisadores costumam ver esses problemas repetidamente.
Comparação
Lori Brotto, psicóloga e professora da Universidade de British Columbia, que é autora de “Better sex through mindfulness” (“Sexo melhor usando mindfulness”, em tradução livre) passa muito tempo tentando convencer as pessoas a descartarem o conceito de uma vida sexual “normal” quando se trata de como e com que frequência se envolvem em atos de intimidade.
A frequência com que os casais têm relações sexuais não é uma medida significativa de saúde sexual, ela diz, mesmo que seja algo com o qual “as pessoas realmente se preocupam”. Isso não diz nada sobre se os indivíduos estão realmente aproveitando o tempo com seus parceiros e que sexo estão tendo, acrescenta.
“Já trabalhei com casais que fazem sexo todas as noites e estão infelizes juntos”, ecoa Casey Tanner, terapeuta sexual baseada na cidade de Nova York e autora de “Feel it all” (“Sinta tudo”, em tradução livre). Por outro lado, ela trabalhou com casais que se sentem profundamente conectados e que fazem sexo talvez três vezes por ano.
Deixe de lado o jogo dos números, recomenda Tanner, e concentre-se em como são as sensações de cada experiência sexual.
Pode ser hora de atualizar sua definição de “sexo”.
“Temos uma tendência a pensar no sexo como uma ação”, explica Esther Perel, terapeuta de casais e autora. “Mas o sexo não é algo que você faz, é um lugar para onde você vai.”
Ela frequentemente faz perguntas como: “O que você quer experimentar lá? Isso é uma experiência, para você, de transcendência? De união espiritual? De profunda conexão?”. Ou “é uma experiência onde você pode ser travesso e, pela primeira vez, não ser um bom cidadão?”
Reconhecer que o orgasmo conjunto não é o único destino durante o sexo pode ajudar os casais a saírem do impasse, observa Perel.
Candice Nicole Hargons, professora associada na Universidade Emory e autora do livro “Good sex” (“Bom sexo”, em tradução livre), incentiva seus clientes a pensarem na ideia de um “cardápio sexual”.
“A maioria de nós recebe esse cardápio sexual realmente sem tempero quando somos crianças”, compara.
Os tipos de sexo em nosso cardápio podem ser influenciados pela mídia, pelas aulas de educação sexual e pelo que captamos socialmente. Mas ela incentiva seus clientes de terapia sexual a criar um cardápio mais saboroso e personalizado “para que digam por si mesmos quais são seus sins, quais são seus nãos, quais são seus talvez”.
Desejos
O desejo sexual, como é retratado na TV, nos filmes e na pornografia, é invariavelmente espontâneo – um desejo súbito e avassalador de fazer sexo. Mas existe outro tipo de desejo igualmente válido, conhecido como desejo responsivo. Ele surge em resposta a estímulos deliberados de prazer ou erotismo, explica Lauren Fogel Mersy, psicóloga e terapeuta sexual baseada em Minnesota e autora de “Desire” (“Desejo”).
Pessoas que tendem a experimentar desejo responsivo devem se sentir tranquilas de que “não há nada de errado com elas”, afirma. Elas não “estão quebradas”, podem simplesmente precisar trabalhar um pouco mais para entender que tipo de estímulo erótico as ajuda a se sentirem abertas à possibilidade de intimidade, como o toque, por exemplo.
Além disso, os casais precisam abandonar a expectativa de que deveriam estar alinhados na forma e no momento em que experimentam o desejo.