Domingo, 05 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2019
Os Estados Unidos disseram nesta segunda-feira (4) à ONU (Organização das Nações Unidas) que iniciaram formalmente o seu processo de retirada do marco do Acordo Climático de Paris, assinado em 2015 na capital francesa.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, disse que enviou uma notificação formal às Nações Unidas neste sentido. Isso inicia um processo de retirada que deve demorar um ano para ser oficializado.
A declaração de Pompeo elogiou os cortes de poluição de carbono nos Estados Unidos e chamou o acordo de Paris de “um ônus econômico injusto” para a economia dos EUA.
O anúncio de Pompeo também foi divulgado em sua conta no Twitter.
Today we begin the formal process of withdrawing from the Paris Agreement. The U.S. is proud of our record as a world leader in reducing all emissions, fostering resilience, growing our economy, and ensuring energy for our citizens. Ours is a realistic and pragmatic model.
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) November 4, 2019
Quase 200 países assinaram o acordo climático internacional em que cada país fornece seus próprios objetivos para reduzir as emissões de gases que levam à mudança climática.
Os EUA são a primeira nação a sair do acordo. As regras do contrato impediam um país de se retirar nos três primeiros anos após a ratificação, em 4 de novembro de 2016.
Saída
Com o anúncio, os EUA devem deixar oficialmente o acordo em 4 de novembro de 2020, um dia após a eleição presidencial e alguns dias antes da realização da COP26, marcada para acontecer no Reino Unido.
Para justificar a posição americana, Pompeo alegou que o engajamento dos Estados Unidos no acordo representaria “um fardo econômico injusto imposto aos trabalhadores, empresas e contribuintes americanos”.
Ele ainda declarou que o país faz sua parte na luta contra as emissões de gases que provocam o efeito estufa e prometeu que Washington proporia um modelo realista e pragmático nas discussões internacionais sobre o clima.
“Continuaremos a trabalhar com nossos parceiros na luta contra as consequências provocadas pelas mudanças climáticas […] os Estados Unidos continuarão a promover a pesquisa, a inovação e o crescimento econômico, reduzindo as emissões e dando a mão para parceiros em todo o mundo”, disse.
Para o America’s Pledge, um grupo formado por empresas, estados e cidades americanas favoráveis aos compromissos do Acordo de Paris, a confirmação desta segunda vai contra os interesses e a vontade dos cidadãos americanos.
Segundo o grupo, 77% dos eleitores registrados apoiam a participação dos EUA no acordo. Entre os democratas a aceitação sobe para 92%, enquanto os republicanos somam 60%. Ao todo, cinco em cada seis eleitores dizem acreditar que os EUA devem permanecer no acordo.
Em junho de 2017, o presidente Donald Trump anunciou que os EUA deixariam o acordo assinado em 2015 por 195 partes durante a COP21 —que aconteceu em Paris, na França. Na época, Trump alegou que defendia os interesses americanos, uma “reafirmação da soberania americana”.
“Fui eleito para representar os eleitores de Pittsburgh [cidade industrial no Estado da Pensilvânia], não de Paris”, disse na ocasião.
O Acordo de Paris
O tratado de Paris é a principal iniciativa global para frear as mudanças climáticas, criando o compromisso de manter o aquecimento da Terra abaixo de 2°C (em relação à era pré-industrial) até o fim do século, tentando limitá-lo a 1,5°C.
A saída dos EUA deve comprometer metas do acordo e mudar a forma como outros governos, sobretudo os de países em desenvolvimento como China e Índia, tratam o compromisso.
Durante as negociações, esses países arrogaram-se o “direito de poluir” por mais tempo, já que sua industrialização e sua consequente ação poluidora é mais tardia.
Até o momento, das 197 partes do tratado, 187 ratificaram o tratado, ou seja, o documento assinado pelas partes passa a ter valor legal.