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Geral Papa e patriarca da Igreja Ortodoxa fazem reunião histórica

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Papa Francisco e o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill. (foto: reprodução)

O papa Francisco, chefe da Igreja Católica Romana, se reúne nesta sexta-feira (12) com o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill (Cirilo). Este será o primeiro encontro entre os líderes de dois dos principais ramos do cristianismo desde sua separação, no ano de 1054.

O interesse de Francisco no encontro era sabido desde novembro de 2014, quando, regressando de uma viagem a Istambul, ele revelou que havia falado com Kirill por telefone e dito: “Irei onde você quiser. Chame que eu vou”. O encontro foi marcado, mas não ocorrerá nem em Roma nem em Moscou, mas sim em Havana, Cuba. Eles devem conversar durante duas horas em uma sala de reuniões do aeroporto internacional José Martí.

Um destino conveniente

John Allen, editor associado da publicação Crux, do jornal Boston Globe, e autor de dez livros sobre o Vaticano e temas ligados ao catolicismo, afirma que a escolha do destino ocorreu em parte por acaso, mas também em certa medida por estratégia. “A parte da sorte tem a ver com o fato do patriarca russo ter previsto viajar a Cuba ao mesmo tempo em que o papa Francisco ia ao México, e assim era prático para ambos se encontrar ali”, disse Allen à rede BBC.

Mas ele afirmou que o componente estratégico está relacionado ao fato de que a relação entre as duas Igrejas é muito influenciada pela história europeia. “Essa relação precisa de um novo começo. Por causa disso, a reunião não poderia ocorrer na Europa nem nos Estados Unidos. Cuba é uma grande escolha porque é amigável com a Igreja Católica, porque historicamente foi um país católico, mas também para a Rússia, porque foi o aliado mais próximo de Moscou no continente americano”, afirma.

O porta-voz do patriarcado de Moscou da Igreja Ortodoxa Russa, Vakhtang Kipshidze, afirmou que a ilha é “território neutro”. “Cuba é ideal porque é um país principalmente católico que tem uma comunidade minoritária ortodoxa em Havana. É um lugar hospitaleiro para todos. Pelo contrário, a Europa está ligada a experiências negativas e dramáticas para ambas as comunidades religiosas”, disse.

Essa opinião é compartilhada pelo porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi. Ele afirma que é mais fácil que o encontro ocorra fora da Europa. “No passado, esse encontro foi tentado, sem sucesso. No tempo de João Paulo II e do patriarca Alexis 2º diferentes locais foram cogitados na Europa, que é um continente muito complexo e com grande densidade histórica”, afirmou.

Para John Allen, o fato de Cuba ser conhecido como um país majoritariamente secular contribui para sua imagem de território neutro. “Encontrar-se lá não significa uma vitória do papa nem do patriarca. Resulta simplesmente em ser um lugar conveniente para ambos”, afirma.

Por sua vez, o governo cubano de Raul Castro sai ganhando, segundo analistas. Para Victor Gaetan, correspondente do jornal católico National Catholic Register e colaborador da revista Foreign Policy, o encontro posiciona Havana “como um mediador entre o Ocidente e a Rússia”.

Afastamento e rivalidade

Nos últimos anos as tentativas de aproximar as duas igrejas foram dificultadas pela desconfiança mútua. Os ortodoxos se ressentem, entre outras coisas, da suposta expansão do catolicismo em áreas que antes faziam parte da União Soviética.

Eles também se opõe ao papel que a Igreja Católica vem exercendo na Ucrânia, especialmente pelo que consideram posturas pró-ocidentais e antirrussas. Mas, por que as Igrejas Católica e Ortodoxa estão afastadas há mil anos? Em 1054, o papa de Roma e o patriarca de Constantinopla se excomungaram mutuamente, dando início ao que se conhece como o grande cisma do cristianismo – que persiste até hoje.

Mesmo antes disso perdurava um distanciamento cultural. Na Igreja do Ocidente se falava o latim, enquanto no Oriente bizantino prevalecia a cultura helenística grega. Além disso havia grandes diferenças doutrinárias, com sobre a natureza do Espírito Santo.

Outra diferença fundamental é o modo como as duas igrejas entendem a função de seu mandatário. Na Igreja Católica o papa é a máxima figura de autoridade.

Já a Igreja Ortodoxa está dividida em patriarcados entre os quais existe uma igualdade. O de Istambul, com 10 mil fiéis, tem certa preeminência, mas não possui jurisdição sobre toda a Igreja Ortodoxa. O de Moscou tem influência sobre até 200 milhões de fiéis.

A unidade do cristianismo não ocorrerá de um dia para o outro. Mas o encontro surge como uma tentativa de iniciar um processo que exigirá concessões de todas as partes.

Do ponto de vista católico, a aproximação é parte da agenda de reformas do papa Francisco. Entre elas está não deixar que a primazia papal seja obstáculo para a unidade da Igreja.

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https://www.osul.com.br/papa-e-patriarca-da-igreja-ortodoxa-fazem-reuniao-historica/ Papa e patriarca da Igreja Ortodoxa fazem reunião histórica 2016-02-12
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