Quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2015
O Parlamento da Grécia aprovou nessa quarta-feira as primeiras exigências da Europa em troca de ajuda financeira ao país. Dos 300 parlamentares, 229 votaram a favor. Trinta e oito representantes do Syriza, coligação do primeiro-ministro Alexis Tsipras, votaram contra o trato ou se abstiveram.
A Grécia tinha até essa quarta-feira para votar quatro medidas exigidas pela Europa: ajustar o imposto ao consumidor e ampliar a base de contribuintes para aumentar a arrecadação do Estado; fazer reformas múltiplas no sistema de aposentadorias e pensões para torná-lo financeiramente viável; privatizar o setor elétrico, a menos que se encontre medidas alternativas com o mesmo efeito; e criar leis que assegurem “cortes de gastos quase automáticos” se o governo não cumprir com suas metas de superávit fiscal. Foram feitas 14 exigências. O novo pacote de ajuda grega, além de não conter qualquer tipo de perdão de dívidas, impõe duras condições a Atenas, com medidas de “aperto” econômico que o governo tinha prometido não adotar, mas que também foram recusadas por 61% da população em um plebiscito realizado há duas semanas.
Três opções
Ao discursar no Parlamento antes da votação, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que tinha três opções na negociação com os credores: aceitar o acordo atual, uma quebra desordenada do país ou sua saída da zona do euro. Tsipras disse também que não acredita no trato firmado, mas assegurou que o governo “se vê obrigado a colocá-lo em prática”.
Tragédia grega
Na terça-feira, ele já havia reconhecido que o contrato é um texto em que ele não acredita, mas que o assinou para “evitar um desastre para o país”. “Assumo mais responsabilidades por qualquer erro que eu possa ter cometido. Assumo minha responsabilidade pelo texto em que eu não acredito, mas que assinei para evitar um desastre para o país”, declarou à TV pública grega ERT.
Teleconferência
Os ministros das Finanças da zona do euro realizarão teleconferência para discutir a situação da Grécia nesta quinta-feira, às 10h no horário local (5h em Brasília-DF), informou o porta-voz de Jeroen Dijsselbloem, presidente do grupo de ministros das Finanças, nessa quarta-feira pela rede social Twitter.
No mesmo dia também vencia o prazo dado ao país para aprovar no Parlamento os quatro projetos de lei inclusos na lista de exigências em troca de mais crédito. As condições impostas à Grécia incluem o compromisso de levantar um fundo com ativos gregos no equivalente a 170 bilhões de reais, além de medidas de austeridade.
Pressão
A coligação de Alexis Tsipras, venceu as eleições nacionais em janeiro com a promessa de acabar com cinco anos de aperto financeiro. O acordo aumentou a pressão sobre o seu governo, com parlamentares de seu partido ameaçando votar contra, furiosos com sua capitulação às exigências da Alemanha, principal nação credora da Grécia, para um dos pacotes de austeridade mais duros já exigidos de um governo da zona do euro.
Oposição
O acerto gerou oposição dentro do partido minoritário da coalizão governista. Entre os votos contra o acordo estava o ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis. Ele renunciou ao cargo depois do referendo que decidiu não ceder às condições impostas por credores. Segundo a agência de notícias Reuters, Varoufakis disse “estar ciente” de que alguns membros da zona do euro não consideravam sua presença bem-vinda em encontros de membros do Eurogrupo. O ministro de Energia da Grécia, Panagiotis Lafazanis, também votou contra. Após o pleito, ele disse que, caso o governo queira sua demissão, colocaria seu cargo “à disposição”. “Não queremos eleições antecipadas”, declarou Lafazanis.
Manifestação
Houve uma manifestação contra a aprovação das exigências da Europa do lado de fora do Parlamento, antes da votação. Para o protesto, a confederação de sindicatos do setor público, que tinha convocado nessa quarta-feira uma greve de 24 horas contra o trato, reuniu na praça Syntagma, onde fica a sede parlamentar, em Atenas, cerca de 2,5 mil pessoas segundo a polícia. Houve tumulto quando um grupo de ativistas que não pertencia à manifestação e é de ideologia anarquista lançou coquetéis molotov contra os agentes, que responderam com gás lacrimogêneo. (AG)