Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2015
Em um almoço na residência oficial da Câmara dos Deputados, o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) avisou a aliados que se agravariam as acusações envolvendo seu nome no esquema de corrupção na Petrobras. O encontro ocorreu no dia 14 deste mês, dois dias antes de o lobista Julio Camargo dizer ao juiz Sergio Moro, no Paraná, que pagou propina de 5 milhões de dólares ao deputado.
O peemedebista, que já é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), disse a líderes governistas e oposicionistas que tinha informações seguras de que Camargo mudaria sua delação premiada com o MP (Ministério Público) para implicá-lo. O lobista teria feito a mesma afirmação sobre o congressista à PGR (Procuradoria-Geral da República) dias antes de repeti-la ao juiz.
A expectativa de investigadores que acompanham o caso é de que, diante de novos elementos e o avanço das investigações, o presidente da Câmara já possa ser denunciado no próximo mês ao STF.
Vacina
A “vacina” lançada por Cunha durante o almoço foi confirmada por três parlamentares. Segundo relatos, na reunião, ele responsabilizou o Planalto por seu envolvimento com o escândalo e se disse vítima de “armação”. Também alegou que seu enfraquecimento favoreceria o governo, que luta para recuperar a popularidade da presidenta Dilma Rousseff.
Segundo um dos deputados presentes, Cunha também disse que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia pressionado Camargo para que ele mudasse seus depoimentos e o implicasse no esquema de corrupção.
Conforme os parlamentares, o peemedebista aproveitou para se defender e negar que tivesse recebido propina do esquema de corrupção, classificando de mentirosas as declarações do delator. Além de Camargo, o doleiro Alberto Youssef acusou o presidente da Câmara de receber propina.
No STF, Cunha tenta anular o depoimento do lobista. Sua defesa aproveitou a reclamação ao Supremo para apontar que há especulações de que Janot trabalha para afastar o deputado da presidência da Câmara e que isso atenderia a interesses políticos, dentro de um cenário de crise e tensões entre Legislativo e Executivo. (Folhapress)