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Geral Pesquisadores tentam descobrir como o coronavírus alcança o cérebro

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Após a sanção do prefeito José Arno Appolo (MDB), os servidores públicos da saúde terão direito a uma consulta por semana com profissionais especializados em saúde mental. (Foto: Reprodução)

À medida que a pandemia da Covid-19 avança, cientistas seguem em busca de pistas que os ajudem a entender como o Sars-CoV-2 age no corpo humano, principalmente em um dos órgãos mais complexos: o cérebro. Pesquisadores têm observado o comportamento neural de infectados pelo coronavírus, além de conduzido análises laboratoriais in vitro, com o objetivo de responder a uma série de questionamentos.

Eles querem saber, principalmente, de que forma o patógeno afeta as células nervosas e como consegue chegar ao sistema neural. As expectativas são de que as respostas ajudem no desenvolvimento de tratamentos e na compreensão dos efeitos da infecção em pessoas com transtornos neurodegenerativos, como o Alzheimer.

Uma série de sintomas relacionados ao cérebro humano tem sido registrada em um grande número de pacientes com Covid-19, o que despertou o interesse de cientistas. Um deles é Daniel Martins de Souza, professor de bioquímica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Laboratório de Neuroproteômica da instituição. “Eu e minha equipe observamos que a maioria dos pacientes com a infecção sentia anosmia (perda de olfato), um sintoma que está relacionados ao cérebro. Por conta disso, partimos para análises em laboratório”, conta.

O grupo brasileiro usou células cerebrais produzidas em laboratório. Para isso, escolheu uma técnica que transforma células adultas, como as provenientes da pele, em células-tronco embrionárias, capazes de se tornar qualquer tipo de parte do corpo humano, como as estruturas neurais. “Conseguimos fazer esse processo graças a uma parceria com o Stevens Rehen, pesquisador do Instituto D’OR de Pesquisa e Ensino e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)”, conta o professor da Unicamp.

Depois de produzir as células nervosas, os cientistas as expuseram ao novo coronavírus. “A primeira coisa que nos perguntamos é se elas tinham uma rota de entrada do patógeno, chamada de ECA2. Essa proteína, localizada na superfície dessas células, permite a entrada do agente infeccioso. Constatamos a presença dessa molécula e confirmamos que o patógeno da Covid-19 consegue ter acesso às células nervosas por meio dela”, conta Souza.

Esse é apenas um primeiro passo da pesquisa. Segundo o cientista, é necessário, agora, entender o que o vírus faz assim que consegue entrar nas estruturas nervosas. “Temos também que saber como ele age lá dentro. Sabemos que o objetivo é se replicar, mas precisamos saber o que ocorre em nível biomolecular”, detalha. “É como se o DNA fosse uma receita, e as proteínas produzidas por ele, o bolo. Precisamos decifrar os detalhes desse processo, temos que entender essa química, pois só ela pode abrir as portas para novos tratamentos.”

Pelo nariz

Outro ponto que precisa ser esclarecido é como o novo coronavírus consegue chegar ao sistema neural. “Há teorias de que seria pelo sangue, pelo nariz, mas, infelizmente, ainda não temos como comprovar. Por isso, mais pesquisas são necessárias”, enfatiza Souza.

Também a partir da perda de olfato, cientistas da Polônia decidiram entender o efeito do Sars-CoV-2 sobre o cérebro humano. Em experimento com camundongos, identificaram que duas proteínas necessárias para a entrada do coronavírus no organismo — entre elas a ECA2 — são produzidas por células da cavidade nasal. “Descobrimos que ECA2 e TMPRSS2 são expressas em células do nariz que ajudam a transferir odores do ar para os neurônios”, detalham os autores do artigo, liderados por Katarzyna Bilinska, pesquisadora do Departamento de Genética Celular Molecular da Universidade Nicolaus Copernicus.

Os pesquisadores também notaram que os camundongos mais velhos produziam quantidades maiores das duas proteínas, quando comparados aos mais jovens. “Se isso se repetir em humanos, pode explicar por que os idosos são mais suscetíveis ao Sars-CoV-2”, enfatizaram os autores do artigo, publicado na revista Chemical Neuroscience.

Marcelo Lima, professor associado do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), acredita que a falha no olfato é uma pista que pode ajudar a entender como o vírus tem acesso ao cérebro. “Notamos que, mesmo depois que o paciente da Covid-19 se recupera, ele permanece alguns dias com sentido afetado. Isso mostra que esse efeito no sistema olfativo é menos trivial do que em infecções causadas por patógenos semelhantes, como o H1N1”, compara.

Outras vias

O professor da UFPR ressalta que outros órgãos podem servir como acesso ao cérebro. “Temos alguns estudos, poucos, ainda, que mostram um padrão de lesão neural não só nas áreas olfativas, mas também no tronco encefálico. Essa é uma região base do cérebro responsável pela respiração e por funções cardíacas. Isso mostra que o vírus pode ter acesso ao sistema neural por outras vias.”

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https://www.osul.com.br/pesquisadores-tentam-descobrir-como-o-coronavirus-alcanca-o-cerebro/ Pesquisadores tentam descobrir como o coronavírus alcança o cérebro 2020-06-07
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