Quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2022
A polícia procura pelos atiradores que abriram fogo em uma festa em Pittsburgh, nos Estados Unidos, e mataram dois jovens nas primeiras horas deste domingo (17). As duas vítimas tinham menos de 18 anos, enquanto outras oito pessoas sofreram ferimentos a bala, disse a polícia, atualizando informação anteriormente dada à imprensa.
Outras cinco pessoas ficaram feridas ao pularem das janelas da casa ou ao tentarem escapar dos tiros na casa, onde centenas de pessoas, a maioria jovens, se reuniam em uma grande festa.
O chefe de polícia de Pittsburgh, Scott Schubert, disse que evidências até aqui sugerem que houve vários atiradores e que os investigadores acreditam que uma briga pode ter levado ao tiroteio, sem mais detalhes. As autoridades não forneceram os nomes das duas vítimas até agora.
Mais de 90 tiros foram disparados em meio a “muito caos”, com os investigadores vasculhando por pistas e recuperando diversas armas, bem como diferentes cartuchos de munição, disse Schubert.
Tiros foram disparados dentro e fora da casa e a polícia pediu a testemunhas e pessoas que compareceram à festa para se apresentarem e compartilharem vídeos ou quaisquer outras evidências.
Cultura das armas
A violência generalizada causada pelo uso de armas de fogo nos Estados Unidos deixou poucos lugares ilesos ao longo das décadas. Mesmo assim, muitos americanos se agarram ao seu direito de portar armas, assegurado pela constituição dos EUA, como algo sagrado. Mas críticos à Segunda Emenda dizem que esse direito ameaça outro: o do direito à vida.
A relação dos Estados Unidos com a posse de armas é única, e sua cultura das armas é um ponto fora da curva na realidade global. Com a contagem de mortes relacionadas a armas crescendo diariamente, fica aqui um registro de como essa cultura nos EUA se compara ao resto do mundo.
De acordo com uma pesquisa do projeto Small Arms Survey (SAS), baseado na Suíça, existem 120 armas para cada 100 americanos. Nenhuma outra nação tem mais armas em posse de civis do que pessoas.
As Ilhas Falklands (ou Ilhas Malvinas) – território britânico ao sudoeste do Oceano Atlântico, reivindicado pela Argentina e razão pela guerra de 1982 entre os dois países – é o segundo lugar no mundo com a maior quantidade de armas civis por habitante. Mas com uma estimativa de 62 armas para cada 100 pessoas, essa posse de armas é quase metade da dos EUA. O Iêmen – país que agoniza com um conflito que já dura sete anos – tem a terceira maior posse de armas, com 53 armas de fogo a cada 100 pessoas.
Enquanto o número exato de armas em posse de civis é difícil de calcular devido a uma série de fatores – incluindo armas não-registradas, comércio ilegal e conflito globais – pesquisadores do SAS estimam que os Estados Unidos possuam 393 milhões das 857 milhões de armas para uso civil disponíveis, ou cerca de 46% do total.
De acordo com um levantamento de outubro de 2020 feito pela Gallup, cerca de 44% dos adultos americanos vivem em uma residência com uma arma, e cerca de um terço deles possui uma.
Muitos países ao redor do mundo conseguiram combater a violência gerada por armas de fogo. No entanto, apesar das milhares de vidas perdidas nos Estados Unidos, apenas cerca de metade dos adultos norte-americanos são a favor de leis mais rígidas, de acordo com a pesquisa do Instituto Pew, e a reforma política permanece paralisada. O ciclo mortal de violência parece destinado a continuar.