Sábado, 17 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de maio de 2025
O policial federal Wladimir Soares, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela trama golpista, afirmou em um áudio que “não ia ter posse” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porque “nós não íamos deixar”. De acordo com Soares, a medida não ocorreu porque faltou “pulso” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Soares está preso desde novembro, pela suspeita de integrar a organização criminosa que acusada de tentar dar um golpe de Estado em 2022. A denúncia da PGR contra ele e outras 11 pessoas que formam o chamado “núcleo 3” do grupo vai ser julgada na semana que vem no STF.
A PF apreendeu o celular do policial em novembro, e enviou na terça-feira ao STF um relatório com o conteúdo das mensagens. Para a corporação, os diálogos comprovam que havia um plano para impedir a posse do presidente eleito.
Na conversa, em janeiro de 2023, Soares afirma que o Ministério das Relações Exteriores não teria se preparado para a posse de Lula. Segundo ele, o plano não foi adiante porque Bolsonaro não aceitou agir apenas com coronéis do Exército, já que os generais seriam contra:
“O povo aqui está desolado, ninguém entende. O próprio MRE, velho, os caras não entendiam, não se prepararam para essa posse, porque não ia ter posse, cara, nós não íamos deixar. Mas aconteceu. E Bolsonaro faltou um pulso para dizer, não tem um general, tem um coronel. Vamos com os coronéis, porque a tropa toda queria. Toda. 100%. Só os generais que não deixavam.”
Em outra conversa, também em janeiro, Soares afirma que apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria concordado com o plano golpista. “Exatamente, Garnier foi o único, cara, o único. A Marinha desde o começo, foi a única que apoiou ele 100%. O resto tirou o corpo.”
Para a PF, os diálogos comprovam que os investigados tinham um plano de sequestrar Moraes:
“A gente estava preparado para isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre Moraes. Eu ia estar na equipe”, afirmou Soares, em diálogo em 2 de janeiro de 2023.
Na mesma conversa, o agente diz que fazia parte de uma “equipe de operações especiais que estava pronta para defender” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles não teriam agido, contudo, porque faltou uma “canetada” de Bolsonaro.
“Nós fazíamos parte, fazíamos de uma equipe de operações especiais que estava pronta para defender o presidente armado, sabe, e com poder de fogo elevado pra empurrar quem viesse à frente, entendeu velho? A gente estava pronto. Só que aí o presidente, esperávamos só o ‘ok’ do presidente, uma canetada para a gente agir.”
Na mesma mensagem, Soares afirmou que Bolsonaro “deu para trás” após generais do Exército afirmarem que não iriam apoiar o plano. O ex-comandante Marco Antônio Freire Gomes disse, em depoimento à PF, que não concordou com uma proposta do ex-presidente para reverter o resultado das eleições.
“Só que o presidente deu para trás, porque na véspera que a gente ia agir, o presidente foi traído dentro do Exército. Os generais foram lá e deram a última forma e disseram que não iam mais apoiar ele.”
O policial ainda diz que, se o plano fosse concretizado, eles iriam “matar meio mundo de gente”:
“A gente ia com muita vontade, a gente ia empurrar meio mundo de gente. Matar meio mundo de gente. Estava nem aí já, cara.”
Em resposta apresentada à denúncia da PGR, a defesa de Soares afirmou que “não há nos autos qualquer evidência de que o acusado tenha participado de atos preparatórios ou executórios de qualquer plano contra autoridades públicas ou contra o Estado Democrático de Direito”. As informações são do jornal O Globo.