Quarta-feira, 18 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de fevereiro de 2021
Se por um lado a Índia foi aplaudida por produzir e enviar vacinas contra o coronavírus para todo o mundo, por outro, sua população sofre um processo lento de imunização contra a doença. Com o segundo maior número de casos do planeta depois dos EUA, o país pretendia imunizar 300 milhões de pessoas, um quinto de sua população, até agosto.
Em quatro semanas, foram vacinados apenas 7,5 milhões de profissionais médicos da linha de frente como grupo prioritário. Nessa velocidade, a Índia levaria, pelo menos, um par de anos para atingir a meta.
“Programas de vacinação começam lentos e depois aumentam conforme as questões logísticas e operacionais vão sendo resolvidas”, disse Gagandeep Kang, professor de microbiologia do Christian Medical College, na Índia. “Temos a sorte de o fornecimento de vacinas não ser um limitador (aqui), mas, para cumprir os prazos, teremos que imunizar algo entre quatro e cinco vezes mais pessoas por dia do que hoje em dia”, concluiu.
O Brasil negocia com a Bharat Biotech, um dos principais laboratórios indianos, a aquisição de 20 milhões de doses da vacina Covaxin por meio da importadora Precisa Medicamentos. O fármaco, apesar de ainda estar em fase de testes, teve seu uso emergencial aprovado na Índia em meio a controvérsias.
Além disso, o país adquiriu, através da Fiocruz, dois lotes de doses prontas da vacina da anglo-sueca AstraZeneca produzidas pelo Instituto Serum da Índia, a maior fabricante de imunizantes no mundo. Na quarta-feira (10), o Ministério da Saúde anunciou que iniciou as conversas para um memorando de entendimento com a indiana Zydus Cadila, que desenvolve a vacina Zycov-D, em testes no país asiático.
O governo diz que está pronto para intensificar a vacinação a partir do próximo mês. E o Ministério da Saúde afirmou que a Índia é o país que mais rapidamente alcançou a marca de 7 milhões de vacinados, embora a imunização em relação à população seja muito maior em outros países.
Diversos estados indianos cobriram menos de 40% de sua população de alto risco, como enfermeiros, médicos e equipe de limpeza de hospitais, o que preocupa o governo federal. Após um estudo revelar que há espaço para melhorar o esquema de vacinação, as autoridades pediram aos estados que acelerem o processo.
A Índia, que produz 60% de todas as vacinas do mundo, doou ou vendeu doses do imunizante contra Covid-19 para 17 países e tem pedidos de mais cinco. O governo, no entanto, disse ao parlamento esta semana que está coordenando com os fabricantes para garantir suprimentos adequados à sua própria campanha.
Se o governo afirma que a infraestrutura de armazenamento e produção não é um problema, por outro lado, reconhece a hesitação em se vacinar de alguns grupos no país.
A Índia conta com a local Covaxin, desenvolvida pela Bharat Biotech em parceria com o Conselho Indiano de Pesquisa Médica estatal, bem como uma vacina licenciada pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford. Alguns médicos e o estado de Chhattisgarh, governado pela oposição ao governo central, no entanto, estão preocupados com a Covaxin, aprovada no mês passado para uso emergencial sem quaisquer dados de eficácia de um teste em estágio final.
O ministério da Saúde censurou Chhattisgarh por “alimentar” especulações e resistência contra as vacinas em um momento crítico: a Índia registrou 9.309 novos casos diários de Covid-19 na sexta-feira (12), aumentando o número total para 10,88 milhões de casos no total.
“Em tempos tão sem precedentes como estes, você deve ajudar a lidar com qualquer receio em vacinação e fazer o que é do melhor interesse das pessoas”, escreveu o ministro da Saúde, Harsh Vardhan, no Twitter.
Segundo a Bharat Biotech, os dados de eficácia do teste clínico em estágio final serão divulgados no próximo mês. A Índia também deve aprovar outros imunizantes nos próximos meses, incluindo o Sputnik V da Rússia e da Cadila Healthcare, Novavax e Johnson & Johnson.