Terça-feira, 26 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 25 de agosto de 2025
O mercado reduziu suas expectativas para a inflação final de 2025, cortando o percentual de 4,95% para 4,86%, de acordo com o Boletim Focus, relatório divulgado semanalmente pelo Banco Central. Esta é a 13ª queda consecutiva nas projeções e acompanha redução também nas apostas para 2026 e 2027.
As previsões coletadas pelo relatório chegaram a subir para 5,68% no início de março, em especial, por conta das ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, e o receio sobre a trajetória fiscal brasileira.
No entanto, a retomada do real neste ano, o ganho de credibilidade do BC e a expectativa que o aperto monetário tenha um efeito mais significativo leva o mercado a cortar suas projeções para a inflação.
Veja a queda nas expectativas para a inflação:
– 2025: de 4,95%, na semana passada, para 4,86%;
– 2026: de 4,40% para 4,33%;
– 2027: de 4% para 3,97% e
– 2028: permaneceu em 3,80%.
Real em alta
Desde que atingiu máxima histórica no fim do ano passado, o real vem se recuperando frente ao dólar. Só neste ano, a moeda americana já acumula perdas de 12,37% contra a divisa brasileira.
Para André Valério, economista sênior do Banco Inter, a apreciação do real é um dos principais pontos a derrubar as expectativas para a inflação neste ano.
O câmbio é um importante balizador para estas previsões. Isso porque o dólar é a moeda de referência para o comércio entre países, então as indústrias brasileiras que importam bens repassam esse custo ao consumidor final. Se o dólar fica mais alto, o preço cobrado também costuma aumentar.
A previsão para o câmbio em 2025 também mudou: na semana passada era de R$ 5,60, enquanto nesta, recuou para R$ 5,59. Em março, a projeção do mercado era de R$ 5,99.
Veja a queda nas expectativas para o dólar:
– 2025: de R$ 5,60, na semana passada, para R$ 5,59;
– 2026: de R$ 5,70 para R$ 5,64;
– 2027: de R$ 5,70 para R$ 5,63 e
– 2028: de R$ 5,70 para R$ 5,60.
Valério também destaca a recuperação da inflação de alimentos, que iniciou o ano bastante pressionada.
A credibilidade do BC
No fim do ano passado, a expectativa para a mudança de bastão entre Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central era alta. As críticas recorrentes do presidente Luis Inácio Lula da Silva à política monetária restritiva de Campos Neto em 2023 e 2024 trouxeram apreensão de que o chefe do Executivo pudesse intervir nas decisões de Galípolo.
“A questão do Galípolo foi um dos principais fatores a fazer preço no mercado quando vimos a abertura do ano de 2025. A reunião mais aguardada não foi a que elevou a Selic para 15%, foi a primeira do ano, em janeiro”, explica Bruna Centeno, economista e sócia na Blue3.
Entretanto, a continuidade no aperto monetário pelo novo presidente trouxe alívio para o mercado e aumentou a confiança dos agentes no BC, afirma a especialista.
Em paralelo, Valério, do Inter, aponta que o mercado espera que os efeitos do aumento da Selic para patamares extremamente restritivos comece a pesar sobre a demanda e, consequentemente, na inflação causada por ela.
A projeção para a Selic em 2025 manteve-se no mesmo patamar, em 15%.
Além disso, especialistas apontam que a expectativa de desaceleração na atividade econômica brasileira também pode ajudar a aliviar a inflação. As informações são do jornal O Globo.