Terça-feira, 14 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de março de 2020
Em meio às estratégias da prefeitura de Porto Alegre para combate ao coronavírus, a infraestrutura municipal de saúde foi reforçada nessa sexta-feira por 20 novos leitos destinados a pacientes que necessitem de atendimento em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Para isso, foram recolhidos equipamentos desativados mas em plenas condições de uso, que estavam no Hospital Parque Belém (Zona Sul), cujas atividades foram suspensas desde maio de 2017.
Conforme o prefeito Nelson Marchezan Júnior, o objetivo não é só abrir novos leitos de UTI, mas contribuir para que a cidade tenha melhores condições de fazer frente às demandas da doença: “Neste momento, a nossa prioridade é agir rápido. Os equipamentos ficarão sob os cuidados de um grupo que já conta com uma ampla estrutura funcional, além de profissionais com conhecimento técnico”.
Dentre os itens requisitados estão dez respiradores, vitais para a sobrevivência de infectados em situação grave, 12 monitores para acompanhamento de sinais vitais e 47 bombas de infusão para dosimetria de medicamentos intravenosos. Em plenas condições de uso, os itens foram entregues ao GHC (Grupo Hospitalar Conceição), encarregado de avaliar a melhor forma de disponibilizá-los à população.
Também foram recolhidas camas hospitalares, desfibriladores, autoclaves, lavadoras e secadoras de roupas hospitalares, sistemas de videoendoscopia e ecografia, focos cirúrgicos de teto com iluminação, cadeiras, longarinas, armários, microscópios cirúrgicos e aparelhos de eletrocardiograma, eletroencefalograma, raios-X e digitalização de imagens.
O Grupo Hospitalar Conceição administra quatro hospitais e uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Ao todo, a instituição opera 92 leitos de UTI e já avalia a possibilidade de reservar 80, caso necessário, somente para o tratamento de pessoas infectadas pelo coronavírus.
Previsão legal
A requisição dos equipamentos está prevista no decreto municipal nº 20.509/2020, assinado por Marchezan na última quinta-feira e que tem por base na Lei nº 8.080/1990, que permite à prefeitura requisitar bens e serviços para atender necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, calamidade pública ou epidemias.
Prestaram apoio à ação dessa sexta-feira entidades como a Fetransul (Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas do Rio Grande do Sul), que repassou ao Setcergs (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística), seu maior afliado, o pedido de ajuda logística.
“Assim, empresas associadas emprestaram, de forma rápida e voluntária, sete caminhões para fazer o transporte dos equipamentos”, elogiou a administração municipal. As transportadoras Itaipu Logística, Kodex, Rodonaves, Vitlog e Modular Transportes também cederam motoristas, ajudantes e um coordenador operacional para a carga e descarga dos materiais. Já o DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana) colaborou com cinco caminhões e 12 ajudantes.
Hospital Parque Belém
Fundado em 1940, o Hospital Parque Belém funcionou por muitos anos focado no tratamento de doentes de tuberculose. Em 1975, transformou-se em hospital geral, operando assim até maio de 2017, quando suspendeu suas atividades devido a dificuldades financeiras.
Desde o início, a instituição funcionou em regime privado-filantrópico, sendo administrada pela mantenedora Associação Sanatório Belém. A requisição administrativa de seus bens terá vigência enquanto perdurar a situação de emergência de saúde pública em Porto Alegre.
(Marcello Campos)