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Brasil Prisão de deputado, irmão e delegado no caso Marielle expõe submundo do crime no Rio; parte 1

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Os irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa (meio) foram levados para a Penitenciária Federal de Brasília. (Foto: Reprodução)

A Polícia Federal (PF) anunciou no domingo a conclusão da principal etapa da investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A investigação revelou detalhes do funcionamento de uma rede de autoridades públicas por trás do crime praticado em 2018. Os envolvidos são integrantes da Câmara dos Deputados, da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Entenda quem são e qual foi a participação dos envolvidos, segundo a Polícia Federal.

Ronnie Lessa

Ex-sargento da PM do Rio de Janeiro, está preso desde março de 2019 por ser o principal suspeito de executar o crime. Ele fez acordo de colaboração premiada e confessou ter puxado o gatilho. A delação foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 19. Ele morava no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca. Considerado um exímio atirador, ele se envolveu com a contravenção do Rio, atuava como segurança de bicheiros e prestava serviços como matador de aluguel.

Chiquinho Brazão

Foi vereador do Rio de Janeiro por quatro mandatos. No último, dividia o plenário da Câmara Municipal com Marielle Franco. Foi eleito deputado federal em 2018 e reeleito em 2022. Hoje, está no União Brasil. Em outubro de 2023, licenciou-se para tomar posse como secretário especial de Ação Comunitária da prefeitura do Rio, na gestão do prefeito Eduardo Paes. A nomeação dele foi consequência de um acordo partidário. A passagem foi curta e terminou em fevereiro deste ano.

Segundo a PF, Chiquinho é um dos mandantes do crime e tinha vínculo com milicianos da zona oeste do Rio que tinham interesse na grilagem de terras para fins comerciais. O grupo da vereadora Marielle Franco se opunha à proposta e buscava dar finalidade social às áreas em disputa.

Irmão de Chiquinho Brazão, atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Tem uma longa trajetória na política fluminense, sempre com forte influência na zona oeste do Rio.

Domingos e Chiquinho são apontados como mentores do crime, ao lado do delegado Rivaldo Barbosa. As investigações que resultaram na prisão do conselheiro apontaram “diversos indícios” do envolvimento dos dois irmãos, “em especial de Domingos”, com “atividades criminosas, incluindo-se nesse diapasão as relacionadas com milícias e grilagem de terras”.

No decorrer do inquérito, a polícia apontou que ações no sentido de “criar obstáculos à regular tramitação da elucidação dos fatos”.

Domingos Brazão conseguiu o primeiro mandato de vereador em 1996. Em 1999, foi eleito deputado estadual pela primeira vez e acumulou mandatos até 2015, quando foi escolhido pelos demais deputados para a cadeira de conselheiro do TCE, um cargo vitalício. A nomeação dele foi feita pelo então governador Luiz Fernando Pezão.

Rivaldo Barbosa

Delegado, assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio na véspera do crime. No dia seguinte, recebeu as famílias das vítimas, solidarizou-se com elas e afirmou que solucionar o caso seria “questão de honra”.

Segundo o inquérito, ele planejou o crime e depois atuou para atrapalhar as investigações. “O crime foi idealizado pelos dois irmãos (Chiquinho e Domingos) e meticulosamente planejado por Rivaldo”, diz o relatório. “Apesar de não ter o idealizado, ele foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências.”

A investigação também apontou relação direta do delegado com o crime organizado. Ele recebia “vantagens indevidas da contravenção para não investigar e não deixar investigar os homicídios por eles praticados” quando chefiava a Delegacia de Homicídios. Com os pagamentos feitos por bicheiros, segundo a PF, ele aumentou o patrimônio e comprou imóveis.

Marco Antônio de Barros Pinto

Comissário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, ele atuou com Giniton Lages e Rivaldo Barbosa para atrapalhar as investigações. De acordo com a investigação, Marco Antônio e Giniton Lages “foram fundamentais para o sucesso da empreitada que garantiu a impunidade do crime até os dias atuais”, porque os dois eram os responsáveis por atuar na chamada “hora de ouro”, o período logo após o crime considerado fundamental para a investigação.

Edmilson Oliveira, o Macalé

Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como Macalé, era sargento reformado da Polícia Militar e teria intermediado a contratação do ex-PM Ronnie Lessa para matar Marielle. Suspeito de ter ligação com a contravenção no Rio de Janeiro, o policial foi morto a tiros, aos 54 anos, em 2021, na zona oeste da capital fluminense. De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Macalé participou ativamente do monitoramento de Marielle nos meses que antecederam o assassinato. O objetivo era rastrear os passos da parlamentar para definir quando Lessa executaria o crime.

Ele também teria sido responsável por entregar o carro usado na execução, um Cobalt prata, aos comparsas Ronniel Lessa e o ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, preso em operação da Polícia Federal no dia 24 de julho.

José Carlos Roque Barboza

Citado como chefe da segurança do contraventor Bernardo Bello, policial militar reformado José Carlos Roque Barboza teria fornecido o carro usado por Ronnie Lessa e Élcio Queiroz para matar Marielle e Anderson. Segundo a delação de Élcio Queiroz, Barboza teria intermediado os primeiros encontros entre Ronnie Lessa e Bernardo Bello.

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